Henrique Espírito Santo, Margarida Gil, Raquel Freire, Catarina Alves e Catarina Mourão animaram o debate, onde se discutiu, entre outras questões, a discriminação da mulher na área do cinema, o que trouxe a mulher de novo em termos qualitativos a esta área, quais as diferenças que existem entre o olhar feminino e o olhar masculino.
E embora algumas das presentes afirmassem não se ter sentido discriminadas no decurso da sua carreira - admitindo, porém, que a crítica avalia os seus filmes muitas vezes por critérios que têm mais a ver com o facto de serem mulheres do que com a qualidade do que produzem -, a realidade mostra que elas continuam a ter uma presença muito reduzida nesta área. Uma série de dados avançados por Henrique Espírito Santo relativamente à presença da mulher no cinema, indicam, aliás, que, apesar dessa presença ter vindo a aumentar nos últimos anos, continua sobretudo a verificar-se em funções que não de realização ou produção, São assistentes de realização, de produção, de imagem e de som ou, por exemplo, estão ligadas a cenografia, guarda roupas, casting, decoração...
As intervenções da assistência mostravam, entretanto, a sua preocupação com o facto de a maioria dos filmes que continuam a produzir-se perpetuarem estereótipos, ou seja, não traduzirem suficientemente as alterações já verificadas relativamente ao papel da mulher na sociedade, não contribuírem para a mudança de mentalidades.
Daí a importância de as mulheres levarem ao cinema o que ao cinema tem sido amputado, o seu olhar, o seu sentir, a sua forma de estar e ver o mundo. Esta poderá ser uma das conclusões tiradas de um debate que só agora começou.