- Nº 1554 (2003/09/11)
Mensagem de Arafat para a Festa do Avante!

Direito à justiça e à paz

Festa do Avante!

A Festa do Avante! ficou marcada por uma mensagem do presidente da Autoridade Nacional Palestina. Yasser Arafat pediu o empenhamento da comunidade internacional para obrigar Israel a acabar com a «ocupação e colonização». Esta informação só foi possível graças a uma conversa telefónica, a meio da tarde de sábado, com Albano Nunes, da Secção Internacional e do Secretariado do Comité Central do PCP.
«Em primeiro lugar gostaria de expressar aos meus amigos e camaradas a nossa gratidão e profundo apreço pelo vosso generoso convite para, através da Festa do Avante!, me dirigir ao povo português. É com imensa prazer e alegria que falo para vós neste dia e nesta ocasião a partir da Palestina. A Terra Santa, a terra do Amor e da paz onde o nosso povo defende os seus lugares santos cristãos e islâmicos contra a mais terrível ocupação, o racismo, e o imperialismo que infelizmente recebe o apoio de algumas forças internacionais», salientou Arafat, na sua intervenção, lida no sábado, no Palco 25 de Abril, por Cândido Mota.
Agradecendo o apoio que o PCP tem dado à Palestina, na defesa dos seus inalienáveis direitos de liberdade, direito de regresso, de autodeterminação e soberania, o presidente da ANP, exortou os militantes comunistas, «todas as forças progressistas» e a ONU a «levantar a voz» contra a actuação do governo israelita, que considerou a pior imagem do terrorismo que qualquer pessoa no mundo jamais enfrentou.
«Longas décadas passaram repletas de dor, sofrimento, de tensão, torturas, destruição das nossas estruturas, cidades, fábricas, escolas, etc., utilizando helicópteros “Apache”, aviões americanos “F’15” e “F’16”, usando mísseis, bambas de urânio empobrecido, não permitidos internacionalmente, e ao mesmo tempo aceitámos o que foi decidido pela legalidade internacional através da Assembleia Geral das Nações Unidas e Conselho de Segurança, nas decisões sobre a Palestina especialmente as que se referem à retirada de Israel como força ocupante da Cisjordânia e Gaza que representam apenas 22 por cento de toda a área da Palestina Histórica», continuou Yasser Arafat.

Escalada de agressão

Entretanto, o governo de Israel continua a recusar a retirada do território palestiniano, desafiando toda a legalidade internacional e todos os acordos assinados desde Oslo na Casa Branca em Washington até ao «Roteiro da Paz», apresentado pelo Quarteto (União Europeia, EUA, Rússia e Nações Unidas) e até mesmo as resoluções 242, 338, 1397, bem como a 194 que determina uma solução justa para o problema dos refugidos palestinianos.
«Israel colocou-se em acima da lei e do direito internacional violando a Declaração Mundial dos Direitos Humanos, bem como a quarta Convenção de Genebra sobre a protecção a civis em tempo de guerra», afirmou, descrevendo que naquele momento se encontrava «rodeado pelas forças da ocupação israelitas que impõe às crianças, mulheres e homens do nosso povo um cerco terrível e praticam uma selvagem e sanguinária guerra através de uma escalada da agressão contra as nossas aldeias, campos e cidades onde as forças de ocupação de colonos e disfarçados de árabes, utilizando os mais bárbaros métodos de cerco, agressões físicas e crimes negam os mais básicos direitos humanos, como liberdade de circulação e a possibilidade de trabalharem para o seu ganha pão. Isto é uma evidência e disso temos provas».
O presidente da autoridade palestiniana acusou ainda Israel de «travar os esforços de acalmia» do conflito israelo-árabe e repudiou a construção do «muro de separação racista em territórios da Cisjordânia» que expropria as terras mais férteis para a agricultura, «tendo igualmente como objectivo o domínio dos recursos da água e do subsolo e a divisão física de dezenas de aldeias e cidades palestinianas, transformando-as em “guetos” e acantonamentos, expulsando milhares de cidadãos palestinianos de suas casas e bens, continuando o governo de Israel a instalar colonatos ilegais e a ampliar alguns dos já existentes à custa do nosso povo e terras».

Apelo sofrido

Perante esta cruel e dolorosa realidade vivida pelo povo palestiniano, Yasser Arafat terminou a sua mensagem apelando «a vós caros amigos num momento em que celebram o vosso histórica festa anual, a Festa do Avante!, que levantem a vosso voz contra aquelas práticas israelitas e em conjunto com o vosso Governo e todas as forças progressistas e amantes da justiça, liberdade, paz e democracia no mundo bem como as Nações Unidas, Conselho de Segurança e as forças internacionais influentes para obrigar Israel, a força ocupante, a pôr fim à ocupação dos nossos territórios dos lugares santos, implementar os acordos alcançados incluindo o “Roteiro da Paz” e as resoluções de legitimidade internacional que dizem respeito à Palestina de forma que conduza ao desmantelamento dos colonatos para que se possa alcançar a paz desejada que garanta a segurança e estabilidade a todos os povos e países da região incluindo Israel».
Desejando os maiores êxitos à Festa do Avante!e ao PCP, Yasser Arafat despediu-se, agradecendo mais uma vez, «o apoio do povo português à causa palestiniana».