- Nº 1565 (2003/11/27)
8.º Congresso da USL

Compromisso de luta

Trabalhadores
Dinamizar a contratação colectiva e agir na defesa e pela conquista de direitos, foram os desafios assumidos pelos 400 delegados ao 8.º Congresso da União dos Sindicatos de Lisboa.

Na moção aprovada no fim de semana passado em Lisboa, sublinha-se que o ataque aos direitos dos trabalhadores é «um ajuste de contas com o 25 de Abril e seus principais construtores, os trabalhadores», motivo pelo qual os delegados assumiram, por unanimidade, o compromisso de dar combate a esta política.
Na resolução, os representantes da USL assumem como prioridade a dinamização da contratação colectiva.
A manutenção da validade dos contratos colectivos de trabalho foi uma das grandes vitórias dos trabalhadores na sua luta contra o Código do Trabalho. Ao contrário do que Bagão Félix e o Governo pretendiam, «a entrada em vigor do novo pacote laboral não vem caducar os contratos colectivos» que continuarão a ser a grande arma de defesa dos trabalhadores contra os ataques do Governo e do patronato, afirmou, no encerramento, Manuel Carvalho da Silva.
Para a USL - a maior estrutura regional da CGTP -, será a capacidade de luta dos trabalhadores que determinará a perigosidade do Código do Trabalho.
Arménio Carlos, membro da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenador da USL, considerou que um dos resultados positivos do Congresso foi o reforço da unidade para continuar a luta.
Após um balanço do intenso trabalho realizado desde o último Congresso, os delegados assumiram a meta de sindicalizar mais 70 mil novos trabalhadores e eleger 1.500 novos delegados sindicais nos próximos quatro anos.
Arménio Carlos deixou o apelo ao empenho de todos para que o Dia Nacional de Luta da CGTP-IN, marcado para sábado próximo, dia 29. Em Lisboa, parte às 15 horas do Marquês de Pombal até ao Rossio.

Combate ideológico

O combate ideológico trava-se com a luta dos trabalhadores como está a acontecer com os ferroviários, com os trabalhadores da Carris - «uma luta muito importante neste momento» -, da Bombardier/Sorefame, ou com o «extraordinário dia de greve dos trabalhadores da Administração Pública», salientou Carvalho da Silva.
Perante «uma política profundamente conservadora», onde «a extrema direita social e política está no Governo e profundamente activa a comandar o essencial do ataque», torna-se necessário «realizarmos um combate ideológico, sem sermos populistas», afirmou.
O Congresso assumiu a importância da ligação às empresas e aos locais de trabalho, uma vez que é ali «que o confronto de classe e a mobilização dos trabalhadores tem de ser permanente e que aumenta a sindicalização e o reforço das organizações de base», considerou Arménio Carlos.
É, por isso, para a USL, fundamental e prioritária a intervenção nos locais de trabalho como centro do rejuvenescimento do movimento sindical.

Capital do desemprego

Lisboa tem neste momento 93 mil desempregados, maioritariamente mulheres e muitos jovens licenciados.
Alastram também os salários em atraso e o atraso no pagamento de indemnizações aos que perderam os postos de trabalho. Cerca de 20 mil trabalhadores estão à espera - em certos casos, há mais de vinte anos - de créditos que no total atinem os 107 milhões de euros.
O trabalho precário na região de Lisboa e Vale do Tejo atinge os 24 por cento, cerca de 320 mil trabalhadores. As mulheres são 51 por cento deste total e 57,8 são jovens com menos de 25 anos.
Há também muitas empresa com postos fixos que, para esses lugares contratam trabalhadores a prazo.

Foto de Reinaldo Rodrigues

Luís Gomes