Dia 13: grande jornada de luta

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política)
As eleições do próximo domingo decorrem numa altura em que dois milhões de portugueses vivem na pobreza e mais de duzentos mil passam fome, enquanto, ao mesmo tempo, o grande capital acumula lucros e riqueza.

O empenhamento de todos os comunistas é determinante

O exemplo de Belmiro de Azevedo é significativo. Recentemente, veio informar que no ano de 2003 tinha triplicado os lucros, ou seja, tinha um camião cheio de notas e passou a ter três. Entretanto, milhares de casais, especialmente jovens, que pediram empréstimos bancários para comprar a sua casa, não conseguem pagar as prestações. Uns porque foram despedidos, outros porque o aumento do custo de vida é tão grande que leva na voragem a parte do ordenado destinado à prestação. Ao mesmo tempo que isto acontece, os patrões dos bancos vêm dizer que em 2003 os seus lucros voltaram a subir espectacularmente. Mas o desemprego já ultrapassa os 500 mil, com milhares de famílias a viverem situações dramáticas, como, por exemplo, os filhos terem de abandonar a universidade por falta de dinheiro para as despesas e, num processo que deveria ser considerado crime contra a economia nacional, é cada vez maior o número de fábricas que encerram, o sector produtivo nacional está a ficar desmantelado e o País é cada vez mais um bom cliente dos excedentes de produção de outros países.
Nestes dias que ainda temos de campanha eleitoral, nos muitos milhares de contactos, conversas e outras acções de campanha que ainda vamos realizar, é importante recordar a quem nos ouve, quem são os culpados desta situação, quem deve ser julgado por o País ter chegado a este ponto e as famílias dos trabalhadores e dos reformados portugueses estarem a viver tão mal. O PS, o PSD e o CDS que, com algumas variantes na forma e no estilo, são os responsáveis pela política de direita e por isso devem ser julgados no dia 13 de Junho.
Da direita já nem se fala, mas mesmo em relação ao PS, que utilidade tem o voto de um assalariado cuja única riqueza é a sua força de trabalho, no que respeita aos seus interesses de classe, entregar o seu voto a este partido, quando os seus dirigentes estão na montra dos principais responsáveis pela situação difícil a que chegaram? Claro que não é fácil chegar ao coração e especialmente à razão dos trabalhadores, numa altura em que se sente uma vontade muito grande em derrotar a coligação de direita que governa o País. Mas sendo difícil, é também muito importante lembrar que o PS, já nesta campanha, manifestou a vontade de continuar a executar, tanto no País como no Parlamento Europeu, a mesma política de direita que ajudou a afundar a nossa produção, a fazer o funeral da agricultura e a piorar as condições de vida dos trabalhadores. E, mesmo no que toca á derrota da direita no plano eleitoral, o voto no PS não tem utilidade prática, uma vez que a direcção deste partido já fez saber que se oporá com todas as suas forças a qualquer tentativa de demitir o Governo mesmo que a coligação que o suporta perca as eleições no dia 13.

Conquistar mais gente

Por outro lado há forças que se movimentam na sombra e se empenham para impedir e contrariar o crescimento natural do PCP e da CDU e estão a utilizar um instrumento que serve bem para o objectivo em vista: o BE. Para isso, os representantes desta força são apresentados diariamente nos jornais e nas televisões como «os modernos e os novos revolucionários», quando de facto o que defendem em relação à UE e à soberania do nosso país, não é muito diferente daquilo que defende o PS e a direita. E se é legítimo que esta força tenha como objectivo eleger um deputado para o PE, é do mesmo modo legítimo que os militantes comunistas esclareçam e recordem aos trabalhadores e suas famílias que também em 2001, aquando das eleições autárquicas e com o mesmo cabeça de lista, o BE tinha como objectivo eleger um vereador para a Câmara de Lisboa e o resultado foi a vitória da direita e de Pedro Santana Lopes que, se hoje é presidente da câmara, bem pode agradecer ao BE. De facto, os seus votos permitiriam à coligação de esquerda, da qual decidiram sair, ganhar o município da capital. O mesmo pode acontecer nestas eleições: o voto no BE pode impedir a eleição de mais deputados da CDU e nomeadamente a eleição da nossa camarada Odete Santos.
É por isso muito importante que façamos do dia 13 uma grande jornada de luta, usando o voto como arma contra a política de direita e pelo reforço do PCP e da CDU, elemento fundamental para conseguir uma nova política e um novo governo ao serviço dos interesses dos trabalhadores e do País. Para este objectivo, que está claramente ao nosso alcance, o empenhamento de cada militante comunista é, como sempre, determinante nestes dias que faltam: conquistar para a CDU muitos dos votos das pessoas que hesitam ainda no que fazer com o seu. Vamos então a isto, camaradas!


Mais artigos de: Opinião

Reciclagem

Se eu fosse homem, o que felizmente não é o caso, e outras razões não tivesse, o que infelizmente não sucede, estaria neste momento a congeminar na melhor maneira - votando na CDU, por exemplo - de penalizar este Governo em geral e alguns dos seus ministros em particular pela forma insolente como se dão ao luxo de...

Mais ou menos...

Enquanto, neste tempo de campanha, se vai fortalecendo nos media a mensagem da direita, dividida por uma longa série de partidos que se reclamam de um vasto mas enganador espectro político-ideológico, a divulgação das ideias do passado, hoje tão presentes na comunicação dominante, continua a fazer o seu caminho,...

Negócios e votos

Quando os povos da União Europeia forem às urnas neste fim-de-semana, devem meditar na realidade que os rodeia. Por debaixo das (muitas) palavras beatas e de circunstância sobre «a Europa», os seus «valores», o seu «modelo europeu» e «social», a realidade é a de classes dirigentes que estão empenhadas em procurar novas...

Por que será?

O ataque sistemático à CDU – através da desvalorização, da deturpação, da descriminação e da manipulação da sua campanha eleitoral; e o apoio total e entusiástico ao BE – através da super valorização, do super elogio, do super encómio à sua campanha eleitoral: eis a linha dominante, a preocupação maior e prioritária, da...

Um caso de polícia

Como se compreenderá não seriam grandes as expectativas quanto a um tratamento sério e isento da intervenção eleitoral da CDU por parte da comunicação social. Pelo que, com mais ou menos excepções, o tom preconceituoso e desvalorativo que predomina na cobertura da acção de campanha da CDU, não constitui surpresa. É o...