87.º aniversário da Revolução de Outubro

Uma vitória com futuro

Dezenas de milhares de pessoas juntaram-se domingo, em Moscovo, numa marcha de celebração do 87.º aniversário da Revolução de Outubro.

«Os comunistas e a experiência soviética continuam bem vivos no quotidiano do povo russo»

Respondendo ao apelo lançado pelo Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) e outras organizações e partidos de esquerda, dezenas de milhares de moscovitas marcharam, entre as estátuas de Lénine e de Karl Marx, no centro da capital russa, para celebrar os 87 anos do triunfo bolchevique e consequente construção de um projecto social que impôs como objectivo o fim da exploração do homem pelo homem.
Prova de que os comunistas, a afirmação da actualidade transformadora do seu ideal e a experiência soviética continuam bem vivos no quotidiano do povo russo e incomodam o grande capital actualmente no poder foi o forte dispositivo repressivo montado em torno da manifestação.
Sob a capa da «prevenção antiterrorista», numa tentativa de impedir que a mobilização fosse forte e determinada, o governo de Putin encerrou o centro de Moscovo, obrigou os manifestantes a passarem por detectores de metais antes de ingressarem no cortejo e mobilizou milhares de polícias e militares para acompanharem a marcha.
As provocações não colheram efeito e antes do concerto de encerramento da iniciativa e da entrega pública dos cartões de militante a algumas dezenas de jovens recentemente filiados no PCFR, Guennadi Ziuganov, secretário-geral dos comunistas russos apontou o dedo aos responsáveis pelo actual estado de miséria em que se encontram mergulhados milhões de cidadãos.
Para Ziuganov, «o novo poder destruiu o potencial económico, liquidou o sistema de garantias e direitos sociais, desencadeou sangrentos conflitos inter-étnicos e entregou o país à submissão escrava do endividamento face aos especuladores financeiros», situação que exige que «os comunistas emprestem todas as suas forças à Rússia, ao povo e em nome dos ideais do Grande Outubro», concluiu.

Defender a memória histórica

Para além do caracter evocativo e de contestação social que habitualmente marcam as acções de sete de Novembro na Rússia, o protesto deste ano assumiu particular significado na defesa da data e memória históricas da Revolução de Outubro porque ocorreu poucos dias antes da Duma – uma das câmaras do parlamento – discutir uma proposta que pretende antecipar o feriado para o dia quatro de Novembro.
Apoiados pelos sectores revanchistas da Igreja Ortodoxa russa, os acólitos de Putin agendaram para ontem a discussão no parlamento de uma proposta que visa substituir o feriado alusivo à Revolução por um outro, três dias antes, e comemorativo da expulsão dos invasores polacos de Moscovo, em 1612.
Apesar do forte sentimento pátrio, a maioria dos russos está contra esta proposta, facto confirmado por uma recente sondagem divulgada pelo Instituto Romir que aponta que mais de 67 por cento da população se lhe opõe.
Em resposta a mais esta tentativa de branqueamento, Ziuganov afirmou que «dezenas de milhões de cidadãos continuam a considerar com toda a justiça que a União Soviética, cuja primeira pedra foi colocada pelo Grande Outubro de 1917, lhes diz muito mais que a actual Rússia “democrática” e saqueada», pelo que, disse ainda, este é um dia com o qual relacionamos as nossas esperanças num futuro melhor, mais digno e mais justo».

Os sovietes não se esquecem

A construção de uma sociedade nova, liberta de todas as formas de opressão e exploração foi, durante décadas, o objectivo a que se entregaram gerações de russos.
A experiência ficou vincada no subconsciente do povo e, mesmo no extremo oriental do maior país do mundo, muitos milhares não esqueceram as conquistas do socialismo.
Nas regiões da Yakutia e do Kamchatka cerca de 30 mil pessoas, segundo informações das autoridades, festejaram a Revolução de Outubro, número que quase foi alcançado numa só cidade do extremo oposto, em Leningrado, actualmente denominada São Petersburgo, onde 20 mil russos saíram para a rua em desafio à tentativa de esquecimento do governo.
Em Cuba, a data também não foi esquecida, e as flores coloriram a evocação. Oficiais das Forças Armadas Revolucionárias cubanas acompanharam os representantes diplomáticos da Bielorússia e da Federação Russa ao mausoléu onde estão depositados os restos mortais de 67 soldados soviéticos falecidos na ilha caribenha no cumprimento de diversas missões de solidariedade internacionalista.


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