- Nº 1619 (2004/12/9)
Gustavo Carneiro

A imprensa do Partido

Em Foco


Com os órgãos de comunicação social na mão de um cada vez menor número de grandes grupos económicos, a leitura da imprensa do Partido assume hoje uma importância particular.
Como muito justamente afirma o Projecto de Resolução Política, a imprensa partidária constitui um instrumento insubstituível na informação com verdade e na batalha das ideias. Podemos mesmo afirmar que quem não ler o Avante! não está informado sobre aspectos essenciais das grandes questões nacionais e internacionais.
Alguns exemplos:
- Quem saberia da dimensão da ofensiva do Pacote Laboral se não tivesse seguido, atentamente, os vários números que dedicámos a isso no Avante!?
- Quem conheceria, com profundidade, o real alcance dos ataques às funções sociais do Estado, como a Educação, a Saúde ou a Segurança Social, com vista à sua privatização, se não fosse pelas páginas que o Avante! consagra a estes problemas semana após semana?
- Por onde, sem ser pelo Avante!, se poderia saber das muitas lutas travadas pelos trabalhadores, no país e no mundo, contra o desemprego e contra o ataque a direitos fundamentais?
- Como saber da real dimensão da heróica resistência dos povos ao imperialismo sem ser através da leitura do nosso órgão central? E como saber dos crimes cometidos pelos agressores imperialistas, no Iraque, na Palestina, pela via da agressão militar, ou em Cuba, através de um bloqueio imoral e criminoso?
Por tudo isto, e muito mais, as nossas responsabilidades são actualmente imensas. Somos, infelizmente, o único jornal de esquerda de expansão nacional existente no País.
Voltámos, por razões diferentes, a ser o que fomos durante os 43 anos de existência clandestina: a voz do que não têm voz! É nas nossas páginas que trabalhadores, estudantes, reformados, utentes dos serviços públicos, mulheres, povos oprimidos e combatentes têm espaço para, na primeira pessoa, dizerem de suas causas e de suas razões, que são as nossas, dos comunistas.
Sim, tomamos Partido, não o escondemos. Mas não é por esta razão que somos diferentes dos outros. A diferença reside no partido que tomamos. Os restantes estão do outro lado: Do lado dos defensores e executores da política de direita, da política da guerra, da ocupação, da destruição do emprego, da concentração da riqueza e da globalização da pobreza.
Quando muito se fala de condicionamentos e pressões sobre a comunicação social, é bom não esquecer que, por muito que lutem por mais audiências ou tiragens, numa coisa todos concordam: no silenciamento ou deturpação das posições, projectos ou ideais dos comunistas e do seu Partido, bem como do movimento dos trabalhadores, das suas lutas, reivindicações e propostas.
O contrário é que seria de estranhar. Propriedade de grandes grupos económicos, eles são a voz dos seus patrões. Tal como nós, do outro lado do «risco na areia» de que fala o camarada Álvaro Cunhal, somos a voz do Partido – do único partido que lhes dá firme e constante combate, o Partido Comunista Português!
Como atrás se disse, as nossas responsabilidades são enormes. Há que fazer chegar mais longe a nossa voz. Por muito difícil que por vezes pareça ser, e é, «passar a nossa mensagem».
Mas a prática mostra que quando há um esforço real para vender o Avante! ele é bem aceite. E porquê? Por dizer o que mais ninguém diz. E as provas estão no aumento das vendas nas edições especiais sobre o Pacote Laboral, sobre os ataques ao Serviço Nacional de Saúde ou, mais recentemente, sobre a nova lei das rendas.
Apesar de insuficiências, nos últimos anos procurámos dar, e acreditamos ter dado, importantes passos para a melhoria do nosso trabalho. Renovámos e rejuvenescemos a Redacção, aumentámos a capacidade de enviar jornalistas em reportagem, introduzimos alterações gráficas.
Mas isto de pouco ou nada vale se o Avante! não sair para a rua, para junto dos trabalhadores e das populações, onde é o seu lugar!
Os tempos são diferentes. Mas é com o pensamento nos construtores do heróico Avante! clandestino, que deram o melhor das suas vidas – e mesmo as suas próprias vidas – para fazer deste jornal exemplo ímpar na imprensa clandestina, que prosseguimos, com empenho, a nossa luta pela nova sociedade pela qual todos lutamos, a sociedade socialista e comunista.