Contra Cuba

Uma resolução indigna

Os EUA, com o apoio de alguns aliados e a conivência de países que pode pressionar, aprovaram uma moção contra Cuba na Comissão de Direitos Humanos da ONU.

«Comissão dos poderosos onde repugna tanta hipocrisia, medos e cumplicidades»

Ao contrário do sucedido em anos anteriores, desta vez Washington não conseguiu arranjar nenhum país que se prestasse a servir de testa de ferro para o ataque a Cuba, pelo que teve de assumir a iniciativa de apresentar uma resolução anticubana na 61.ª sessão da Comissão de Direitos Humanos (CDH) a decorrer em Genebra.
Para o representante cubano, Juan Antonio Fernández, tal facto só foi possível porque a CDH está transformada na Comissão da «mentira e da hipocrisia», se tornou num fórum onde o «maior e mais contumaz violador dos direitos humanos do mundo» pode apresentar «um papelucho que não diz nada mas pode singularizar Cuba». O diplomata lamentou ainda o triste papel dos aliados norte-americanos, designadamente a União Europeia, que parece incapaz de desenvolver uma política independente, e que agora se serve dos países do antigo bloco socialista que aderiram à globalização capitalista.
A resolução dos EUA, recorda-se, foi aprovada a semana passada por 21 votos, entre os quais os da Alemanha, Árábia Saudita, Arménia, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Costa RicaFinlândia, França, Gã-Bretanha, Guatelama, Honduras, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, México, Países Baixos, Roménia e Ucrânia.
Dos restantes 32 países, votaram a China, Congo, Cuba, Egipto, Eritreia, Etiópia, Guiné, Índia, Indonésia, Quénia, Malásia, Nigéria, Qatar, Russa, África do Sul, Sudão e Zimbabué, enquanto a Argentina, Butão, Brasil, Burkina Fasso, Equador, Gabão, Mauritânia, Nepal, Paquistão, Peru, República Dominicana, Sri Lanka, Suazilândia e Togo se abstiveram.

Cuba não se rende

O diplomata Juan Antonio Fernández, lembrando, que esta nova tentativa de isolamento de Cuba ocorre num momento em que mais de 4000 prestigiadas personalidades internacionais, incluindo seis prémios Nobel, subscreveram o manifesto «Paremos a nova manobra contra Cuba», reafirmou em Genebra que o seu país «não se cansará de lutar», «não se renderá», «não fará jamais concessões», e «não calará a sua voz, nem sequer nesta Comissão dos poderosos onde repugna tanta hipocrisia, medos e cumplicidades».
Os cubanos, sublinhou o diplomata, estarão «sempre com os que não se resignam, os que apostam no valor das ideias e dos princípios, os que não renunciam ao sonho de conquistar toda a justiça para todos num mundo melhor».

Vozes solidárias

Mal foi conhecido o resultado da persistente campanha dos EUA contra Cuba logo se levantaram vozes de apoio e solidariedade à pequena Ilha que ousa desafiar o Império.
Segundo a Prensa Latina, o Centro para a Acção Legal de Direitos Humanos (CALDH) da Guatemala veio a público considerar inaceitável que o governo guatemalteco ceda às pressões económicas da Casa Branca. No mesmo sentido se manifestou a coligação Unidade Revolucionária Nacional da Guatemala, na oposição, que acusou o governo de ter perdido «uma oportunidade extraordinária» de pôr termo à sua submissão a Washington.
Idênticas posições foram divulgadas na Bolívia, onde diferentes organizações lembraram que quem merecia ser condenado eram os EUA pela «sua flagrante violação dos direitos humanos, sobretudo no Iraque», e acusaram os países que apoiaram a política norte-americana de hostilidade a Cuba de pretenderem «aniquilar Cuba porque é um país socialista».
E por falar em condenações, vale a pena lembrar que os EUA foram o único país que votou contra a condenação das acções repressivas de Israel contra os palestinianos, e alinhou ao lado da União Europeia, Japão e Austrália na recusa em condenar as execuções extrajudiciais levadas a cabo igualmente por Israel.
Enquanto isso, em Guantanamo, território cubano que os EUA mantêm ilegalmente ocupado, continuam as torturas aos 540 presos sem culpa formada que ali permanecem há anos. A semana passada, a Reuters dava conta de mais uma demanda contra a administração Bush apresentada num tribunal de Boston, desta feita pelas torturas infligidas ao bósnio de origem argelina, Mustafá Ait Idir, que lhe provocaram paralisia facial.


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