
- Nº 1649 (2005/07/7)
Administração Pública
Greve nacional dia 15
Trabalhadores
Apesar das pressões e manobras de intimidação, a força do descontentamento cresce, nos dias de preparação da luta, que vai dar continuidade à grande manifestação de 17 de Junho.
As estruturas sindicais da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública realizam reuniões e plenários, para esclarecimento e mobilização dos trabalhadores. Ao decidir a realização da greve nacional de dia 15, a Frente definiu igualmente que as acções de esclarecimento continuarão durante o verão, até Setembro.
Os não docentes da Universidade de Coimbra, reunidos na semana passada, em dois plenários realizados no Polo 2 e no Teatro Paulo Quintela, «manifestaram a sua preocupação e uma forte determinação para a luta contra as medidas que o Governo quer impor», informou o Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Centro. Os trabalhadores recusam a privatização de serviços, a existência de carreiras e salários diferenciados para funções idênticas, e rejeitam também «uma política falsa e populista, de nivelamento por baixo e sempre à custa dos mesmos».
O STAL, em comunicado para ampla distribuição, acusa o primeiro-ministro de tentar «novamente transformar os trabalhadores no “bode expiatório” para os problemas do País». Ao elencar os motivos para a participação na greve, o sindicato previne que o congelamento das mudanças de escalão («falaciosamente» apelidadas de progressões ou promoções automáticas» por José Sócrates) será uma fase «transitória para alterações ainda mais gravosas nas carreiras, no sistema retributivo e na classificação de serviço».
Reagindo à intervenção do primeiro-ministro no Parlamento, o STAL realça a afirmação de que as medidas anunciadas seriam levadas a cabo independentemente dos valores do défice das contas públicas. Entende o sindicato que «o primeiro-ministro desmascarou a mentira utilizada para o lançamento de mais esta ofensiva». «Não restam quaisquer dúvidas de que, afinal, o Governo pretende é dar continuidade às políticas de direita levadas a cabo ao longo dos últimos anos, contra os trabalhadores e os serviços públicos», conclui o STAL.
A Federação Nacional dos Médicos apresentou na semana passada o pré-aviso de greve, para dia 15, pela defesa de direitos constitucionais consagrados, de uma efectiva actualização salarial, da estabilidade de emprego e de «serviços públicos de qualidade, em clara oposição às políticas privatizadoras».
As pressões e manobras contra quem optou pela luta foram particularmente evidentes durante a greve dos professores, de 20 a 23 de Junho, como então denunciou a Fenprof. Para anteontem, o Sindicato dos Professores da Região Centro convocou uma conferência de imprensa, onde iria anunciar a resposta «nos planos jurídico e político-sindical» às «atitudes persecutórias» da Direcção Regional da Educação e de conselhos executivos de escolas.
Só de terça
a quinta?
«Será que o direito à greve não pode ou não deve ser exercido às sextas ou segundas-feiras, para não haver fins-de-semana prolongados», protesta a Federação Nacional de Sindicatos da Função Pública. Sucede que, «não tendo visto questionar os objectivos da greve, já vimos, no entanto, tentar denegrir o uso do direito à greve, por ser uma sexta-feira».
Face aos comentários surgidos na comunicação social, a este propósito, a FNSFP recorda que «antes do 25 de Abril, o exercício deste direito era reprimido, quantas vezes pela força das armas». Lembra ainda que exercer o direito à greve «implica perda de vencimento, em qualquer dia da semana».
A federação alerta que, «se quem opina mandasse, naturalmente só poderíamos fazer grave três dias por semana».