Em «mudanças»
Ao entrar no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, para mais uma jantarada de apoio à pressa ao primeiro candidato PS à autarquia alfacinha, o Primeiro-Ministro, José Sócrates, desprezou sobranceiramente as manifestações de agricultores e as anunciadas greves no mundo judiciário com a seguinte afirmação: «Os portugueses deram-nos a maioria absoluta para fazer mudanças. Os portugueses compreendem as medidas que o Governo tem tomado».
São afirmações notoriamente extraordinárias.
Os portugueses deram a maioria absoluta ao PS para este «fazer mudanças»? Onde é que José Sócrates descobriu isso?
Por acaso, na campanha eleitoral que antecedeu a tal maioria absoluta, o PS de José Sócrates esclareceu o eleitorado sobra as «mudanças» que pretendia fazer? Disse ao povo e ao País que ia aumentar de imediato o IVA de 19 para 21%, que ia aumentar a idade da reforma até aos 65 anos a polícias e professores, a militares e a funcionários públicos, que ia retirar direitos sociais, de reforma e de assistência médica à generalidade dos funcionários públicos e reduzir seriamente todos esses direitos não apenas a estes, mas também a juízes, magistrados, funcionários judiciais, polícias e militares? Disse ao povo e ao País que ia manter, inalterável, a fuga desbragada ao fisco de uma miríade de empresários de todos os lotes e calibres, que ia conservar, intocáveis, as escandalosas benesses tributárias à banca, às seguradoras, à especulação bolsista e ao paraíso fiscal da Madeira, perdendo assim o Estado incalculáveis milhares de milhões de euros, todos os anos e só nesta vergonhosa «complacência» fiscal? Informou igualmente o povo e o País que se propunha, em compensação, esmifrar a maior quantidade possível de milhões de euros com diminuições generalizadas na comparticipação de medicamentos (incluindo os que são consumidos em doenças crónicas), nas reformas sociais, nos subsídios de desemprego e de doença, nos mais diversos apoios estatais aos mais desfavorecidos? Esclareceu, ainda, o povo e o País de que pretendia aprovar, com a sua maioria absoluta, o Código do Trabalho - que o Governo da coligação de direita redigira e, na altura, o PS rejeitara e criticara duramente na Assembleia da República – ainda por cima mantendo na sua pretensa «proposta de alteração» todos os aspectos mais gravosos para os trabalhadores e que, justamente, o mesmo PS havia denunciado e criticado?
O PS de José Sócrates informou o povo e os eleitores destas «mudanças» que pretendia fazer?
Toda a gente sabe que não - o todos nos lembramos é que o PS de José Sócrates prometeu, exactamente, o contrário de tudo isto.
Onde vai, portanto, o secretário-geral Sócrates buscar a peregrina ideia de que os portugueses não só lhe deram a maioria absoluta «para fazer mudanças», como «compreendem as medidas que o Governo tem tomado»?
Compreendem tão bem ou tão mal que as manifestações, lutas, greves e todo o tipo de protestos alastram como nódoa de azeite na generalidade dos principais sectores económicos e sociais do País, ameaçando já submergi-lo numa onda generalizada de repúdio e contestação contra esta política, tão desastrosa como mentirosa.
É isto que o povo português sem dúvida compreende, na brutal evidência dos factos.
José Sócrates também há-de compreendê-lo – nem que seja quando, fatal e vergonhosamente, acabar despejado da sua maioria absoluta.
São afirmações notoriamente extraordinárias.
Os portugueses deram a maioria absoluta ao PS para este «fazer mudanças»? Onde é que José Sócrates descobriu isso?
Por acaso, na campanha eleitoral que antecedeu a tal maioria absoluta, o PS de José Sócrates esclareceu o eleitorado sobra as «mudanças» que pretendia fazer? Disse ao povo e ao País que ia aumentar de imediato o IVA de 19 para 21%, que ia aumentar a idade da reforma até aos 65 anos a polícias e professores, a militares e a funcionários públicos, que ia retirar direitos sociais, de reforma e de assistência médica à generalidade dos funcionários públicos e reduzir seriamente todos esses direitos não apenas a estes, mas também a juízes, magistrados, funcionários judiciais, polícias e militares? Disse ao povo e ao País que ia manter, inalterável, a fuga desbragada ao fisco de uma miríade de empresários de todos os lotes e calibres, que ia conservar, intocáveis, as escandalosas benesses tributárias à banca, às seguradoras, à especulação bolsista e ao paraíso fiscal da Madeira, perdendo assim o Estado incalculáveis milhares de milhões de euros, todos os anos e só nesta vergonhosa «complacência» fiscal? Informou igualmente o povo e o País que se propunha, em compensação, esmifrar a maior quantidade possível de milhões de euros com diminuições generalizadas na comparticipação de medicamentos (incluindo os que são consumidos em doenças crónicas), nas reformas sociais, nos subsídios de desemprego e de doença, nos mais diversos apoios estatais aos mais desfavorecidos? Esclareceu, ainda, o povo e o País de que pretendia aprovar, com a sua maioria absoluta, o Código do Trabalho - que o Governo da coligação de direita redigira e, na altura, o PS rejeitara e criticara duramente na Assembleia da República – ainda por cima mantendo na sua pretensa «proposta de alteração» todos os aspectos mais gravosos para os trabalhadores e que, justamente, o mesmo PS havia denunciado e criticado?
O PS de José Sócrates informou o povo e os eleitores destas «mudanças» que pretendia fazer?
Toda a gente sabe que não - o todos nos lembramos é que o PS de José Sócrates prometeu, exactamente, o contrário de tudo isto.
Onde vai, portanto, o secretário-geral Sócrates buscar a peregrina ideia de que os portugueses não só lhe deram a maioria absoluta «para fazer mudanças», como «compreendem as medidas que o Governo tem tomado»?
Compreendem tão bem ou tão mal que as manifestações, lutas, greves e todo o tipo de protestos alastram como nódoa de azeite na generalidade dos principais sectores económicos e sociais do País, ameaçando já submergi-lo numa onda generalizada de repúdio e contestação contra esta política, tão desastrosa como mentirosa.
É isto que o povo português sem dúvida compreende, na brutal evidência dos factos.
José Sócrates também há-de compreendê-lo – nem que seja quando, fatal e vergonhosamente, acabar despejado da sua maioria absoluta.