Administração Pública protesta amanhã em Lisboa

Resistir ainda mais

«A eleição de Cavaco Silva para a Presidência da República exige a intensificação da luta que vem sendo travada pelos direitos, pelos salários e pelos serviços públicos», afirma o STAL/CGTP-IN, que vê como a próxima etapa a manifestação de amanhã.

O Governo vai ter de contar com a luta dos trabalhadores

A manifestação nacional de trabalhadores da Administração Pública, que parte do alto do Parque para São Bento, foi decidida pela Coordenadora da Frente Comum de Sindicatos, que levou em conta a posição assumida pelo Governo nas negociações salariais.
«A reunião realizada no âmbito do processo de negociação suplementar, entre a Frente Comum e o Governo, no passado dia 13 de Janeiro, veio confirmar as intenções do executivo», concluiu o organismo de coordenação da estrutura representativa da grande maioria dos trabalhadores do Estado. Enquanto os representantes sindicais baixaram a sua proposta em 1,5 por cento (admitindo assim que os trabalhadores não recuperariam todo o poder de compra perdido nos últimos 5 anos), o ministro das Finanças «desvalorizou a disponibilidade da Frente Comum e recusou, inclusivamente, a possibilidade de se verificar um arredondamento do subsídio de refeição», de 3,95 para 4,00 euros.
Na nota de imprensa que divulgou na quinta-feira, dia 26, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local considera a manifestação nacional de amanhã como «o próximo passo» da luta dos funcionários das autarquias «em torno da exigência de aumentos salariais justos, pelos direitos, pelas carreiras, pela dignidade e pelos serviços públicos».
Declarando, logo no título, que «no novo quadro político, a luta dos trabalhadores vai continuar», o STAL pronuncia-se sobre os resultados das eleições presidenciais, os quais «correspondem ao projecto político da direita portuguesa e dos grandes grupos económicos, que desde a primeira hora apostaram na eleição de Cavaco Silva, com todas as implicações negativas que tal realidade acarreta para o País e para os trabalhadores».
A Direcção Nacional do sindicato regista, «com preocupação, a possível conjugação dos objectivos que norteiam as forças que apoiaram Cavaco Silva com os traços marcadamente de direita que caracterizam a actual política governativa de José Sócrates, principalmente no que concerne aos trabalhadores da Administração Pública, ao poder local democrático e aos serviços públicos em geral»; e «manifesta confiança na unidade e na determinação dos trabalhadores da Administração Local para a luta que vamos travar».
A Federação Nacional de Sindicatos da Função Pública, em comunicado aos trabalhadores, protesta contra «a imposição de aumentos de apenas 1,5 por cento nos salários e pensões e mais uns míseros 2 cêntimos no subsídio de refeição». Refere a FNSFP/CGTP-IN que, «enquanto decorria o processo negocial com os sindicatos, o ministro das Finanças, acompanhado de outros ministros, veio à televisão dizer que o Governo ia colocar em excedentes trabalhadores de todos os ministérios, ao mesmo tempo que iria “fazer rescisões amigáveis” e mudar de Ministério muitos mais trabalhadores».
«A partir de agora, a ameaça da instabilidade de emprego paira sobre todos os trabalhadores da Função Pública, sejam do quadro, do contrato individual de trabalho ou de contrato administrativo de provimento», clama a federação, que acusa o Governo de lançar a instabilidade «para aterrorizar e tolher as reacções dos trabalhadores da Função Pública contra a injustiça, contra o roubo dos direitos e contra a perda do poder de compra e os ataques à nossa dignidade profissional e humana».
A FNSFP avisa que quem pratica esta política «vai ter de contar com a nossa resistência e luta».
Outras organizações sectoriais que fazem parte da Frente Comum de Sindicatos estão igualmente a mobilizar os seus associados para a manifestação nacional de amanhã à tarde.


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