- Nº 1710 (2006/09/7)

«A Fretilin é valente!»

Festa do Avante!
Ao encerrar o momento de solidariedade com o povo de Timor-Leste, no sábado à tarde, João Dias Coelho, da Comissão Política do PCP, recordou as palavras de Mari Alkatiri, no recente congresso da força que persistiu, resistiu e combateu durante décadas, até que o país alcançasse a independência: «Desde sempre que a Fretilin é valente».

O dirigente comunista, que participou na reunião magna da Fretilin em representação do PCP, reafirmou a confiança em que os camaradas timorenses saberão «vencer mais este desafio», que tem a ver com a actual situação em Timor-Leste. João Dias Coelho lembrou que, após a independência e depois de os timorenses, em eleições, terem confirmado a Fretilin como força governante, esta «decidiu honrar os compromissos que assumiu com o povo», num «acto de grande coragem política e coragem física». A contrariar esta orientação, conjugaram-se interesses nacionais e internacionais, tal como as posições da Igreja timorense, «que objectivamente servem os interesses da destabilização».
Jorge Cadima, da Secção Internacional do Partido, já tinha, numa primeira intervenção, apontado as responsabilidades da Austrália, no momento actual, em que a ingerência externa de novo surge em Timor-Leste. Depois de ter sido o único país que reconheceu a anexação pela Indonésia, a troco de um acordo de cedência de grande parte das riquezas naturais do Mar de Timor, em 1989, a Austrália tem hoje na ilha o maior contingente de tropas estrangeiras. Jorge Cadima notou ainda que, em ligação com o imperialismo norte-americano e britânico, a Austrália assume um certo estatuto de polícia regional, que já ensaiou noutros países acontecimentos muito semelhantes aos distúrbios verificados em Timor-Leste, usados como pretexto para a presença militar.
A luta abnegada da Fretilin e do povo de Timor-Leste, que culminou com a conquista da independência, foi valorizada por João Dias Coelho como «um dos exemplos mais recentes de que vale a pena lutar», o qual é «muito importante para a nossa luta de todos os dias». O «novo processo, muito complexo», iniciado após a independência, «revela a importância da solidariedade entre os povos» e mostra como esta «é necessária todos os dias».

Mensagem de Mari Alkatiri

«Camaradas do Partido Comunista Português,
pedimos muitas desculpas por não podermos estar presentes nesta sessão de debate e de não nos fazermos representar por uma delegação da Fretilin vinda de Timor-Leste.
«Tudo fizemos para corresponder ao vosso convite, mas a situação em Timor-Leste não nos permitiu.
«Contudo, queremos garantir a todos que a determinação do povo maubere é restabelecer a paz e a estabilidade.
«Reconhecemos que a situação do nosso país é complexa. Aos interesses alheios ao nosso povo se juntou uma verdadeira conspiração contra o Estado de Direito democrático de Timor-Leste.
«Hoje, como antes, precisamos da vossa solidariedade e de todo o povo português.
«Um grande abraço.
«A luta continua! A vitória é certa!
Mari Alkatiri
Secretário-geral da Fretilin»


(Mensagem lida, durante o acto de solidariedade, por Bernardina Alves, da representação da Fretilin em Portugal)