
- Nº 1710 (2006/09/7)
Lá onde a luta se trava
Festa do Avante!
Que a célula de empresa é o mais importante organismo de base do Partido ficou claro para quantos assistiram ao debate sobre «A célula nas empresas e locais de trabalho e os direitos dos trabalhadores», lançado, no sábado à tarde, por Silvestrina Sousa, Vicente Merendas, Paula Henriques e Bruno Fonseca. Porquê? Porque é nos locais de trabalho «que se passa mais tempo», que «os trabalhadores se relacionam, dinamizam e organizam as lutas, desenvolvem a consciência de classe», afirmou Vicente Merendas, que também chamou a atenção para a «repressão de luva branca» e os métodos de exploração «mais sofisticados» a que hoje o patronato recorre, como sejam os prémios.
O «esquema é simples», explicou: «sem aumentar salários, compensam com prémios os trabalhadores que abdicam da luta em defesa dos seus direitos. Quando finalmente o direito desapareceu, também o prémio desaparece».
«A única arma da classe operária e dos trabalhadores é a sua organização», afirmou Paula Henriques, citando Lenine. E um partido comunista é a «forma superior de organização do proletariado», que nem sempre teve na cena política, quem representasse os seus interesses «de forma independente». A ligação às massas, aos trabalhadores faz-se assim, para o PCP, principalmente através da célula de empresa.
Silvestrina Sousa, que viu «nascer, morrer, reactivar células», respondeu às perguntas de como é que em termos práticos se constitui uma célula e quais os mecanismos de defesa da mesma, tendo em contra a precariedade de trabalho e a repressão que de novo se abate sobre os trabalhadores, particularmente os comunistas. «Não existe um manual», afirmou, «tudo depende das condições específicas de cada empresa», e mecanismos de defesa, existe um único: «a unidade dos comunistas e o apoio dos trabalhadores que eles conseguirem influenciar». Mas... as células «são grandes escolas de consciência e de coragem», garantiu.
Bruno Fonseca, com o seu testemunho, confirmou esta última afirmação. A trabalhar numa multinacional, com as condições de trabalho conhecidas, hoje faz parte de um colectivo de dez camaradas, todos jovens, como de resto a maioria dos trabalhadores.