A crise e a luta das ideias
A crise económica e financeira do capitalismo que está a abalar o mundo transporta consigo grandes perigos. Mas ela representa simultaneamente uma importante oportunidade para avanços na luta libertadora e na batalha ideológica.
«A crise irá continuar e prolongar-se no tempo»
Os efeitos de uma crise desta dimensão e abrangência - e ela está apenas no início - são muitos, e vão muito para além da falência, ou risco de falência, de uma dúzia de bancos. O mais importante desenvolvimento desta crise reside na sua inevitável «aterragem» - que já se está a verificar – na economia produtiva. Inevitável porque esta crise é na sua génese uma crise de sobreprodução e sobreacumulação, porque o grande capital necessita transferir para a esfera produtiva, para os trabalhadores e para os povos as consequências dos sucessivos esvaziamentos das bolhas especulativas nos mercados financeiros, imobiliários e de matérias-primas. É o capitalismo e a financeirização da sua economia a funcionar, evidenciando o seu carácter parasitário, explorador e destruidor.
O mundo vive em suspenso pelas notícias das bolsas de valores, como se de números mágicos se tratasse. Mas, mesmo que as oscilações das bolsas saiam do vermelho, pela sua dimensão, pela sua penetração na economia produtiva, pela sua expressão nos mercados de matérias-primas, a crise irá continuar e prolongar-se no tempo. A recessão económica está aí e a descida do preço petróleo - ainda que conjuntural, determinada também por razões económicas, monetárias e políticas e não contrariando a tendência geral da subida de preço - é disso prova. Mesmo países com crescimentos económicos pujantes - para onde se viram agora as economias da tríade «exigindo» ajuda àqueles de onde sugaram a produção e as matérias-primas anos a fio para alimentar as suas economias parasitárias - anunciam já o abrandamento do seu crescimento.
Ora, num cenário de recessão mundial, a questão que se impõe é: quais os efeitos sociais, quem vai pagar a crise, quais as consequências para lá do plano económico e social e quais as rupturas necessárias para debelar esta crise e evitar crises futuras?
Após a tentativa de ocultação da real dimensão da crise, os seus responsáveis económicos e políticos invertem a agora o discurso. De uma crise «limitada aos EUA» e ao «sub-prime» ou da «inexistência de riscos de contágio da economia produtiva», passa-se para afirmações como «o pior tsunami financeiro do último século» (Alan Greenspan); «uma crise sem precedentes» que «põe em perigo o próprio futuro da humanidade» (Nicolas Sarkozy) ou ainda a brilhante tirada de Durão Barroso: «ou nadamos juntos ou afundamos juntos». Mas tais afirmações não significam qualquer rebate de consciência, pelo contrário. Para lá da espuma dos discursos estão as decisões.
O capitalismo não está morto
Partindo da análise da natureza de classe das medidas já adoptadas pelos países da tríade, alimentando a concentração de capital, a especulação e as fusões e aquisições; das conclusões do último Conselho Europeu; das propostas concretas já apresentadas para a Cimeira de Washington e para a cimeira de chefes de Estado e de governo da União Europeia, a conclusão é só uma: O Capitalismo não está morto, e, apesar de condições muito desfavoráveis, avança na ofensiva económica, social, política e ideológica e mantém a sua natureza e características. Insiste-se nas mesmas soluções económicas de sempre; aborda-se uma profunda crise económica pela óptica financeira; desenham-se grandes operações mediáticas para parecer que tudo mudou, ficando tudo na mesma - inclusive através da mega-operação mediática Barack Obama; intensifica-se a ofensiva imperialista como o demonstram a recente provocação militar na Síria, a intensificação da guerra no Afeganistão e os acordos militares da NATO com a ONU e desenvolvem-se as contradições inter imperialistas, fenómeno característico do capitalismo em tempo de crise.
Mas existem razões para a dramatização dos discursos do sistema e para a aparente crítica às causas da crise: limitar a «excessos» e «ganância» as suas causas; tentar esmagar com o peso da crise a consciência política e capacidade de reivindicação dos trabalhadores e dos povos; retirar do campo de batalha a luta de classes vendendo a ideia de que todos têm que sofrer com a crise; apresentar medidas de pura cosmética como viragens de fundo - veja-se o renascer das cinzas do termo «keynesianismo» para caracterizar ideias e conceitos claramente inseridos no pensamento neoliberal como por exemplo a regulação e a socialização de prejuízos –; abrir caminho às ideias de Estados autoritários e governos económicos transnacionais e tentar limitar a discussão das alternativas à «moralização e regulação» do sistema.
É neste quadro de dificuldades do capitalismo mas também da sua ofensiva que os povos têm que travar batalhas decisivas. Firmeza ideológica, intensa luta de massas, partidos comunistas fortemente organizados e a afirmação do Socialismo, são a principal arma neste combate travado em difíceis condições com o demonstra o feroz bloqueio mediático às posições do PCP sobre a crise do capitalismo.
O mundo vive em suspenso pelas notícias das bolsas de valores, como se de números mágicos se tratasse. Mas, mesmo que as oscilações das bolsas saiam do vermelho, pela sua dimensão, pela sua penetração na economia produtiva, pela sua expressão nos mercados de matérias-primas, a crise irá continuar e prolongar-se no tempo. A recessão económica está aí e a descida do preço petróleo - ainda que conjuntural, determinada também por razões económicas, monetárias e políticas e não contrariando a tendência geral da subida de preço - é disso prova. Mesmo países com crescimentos económicos pujantes - para onde se viram agora as economias da tríade «exigindo» ajuda àqueles de onde sugaram a produção e as matérias-primas anos a fio para alimentar as suas economias parasitárias - anunciam já o abrandamento do seu crescimento.
Ora, num cenário de recessão mundial, a questão que se impõe é: quais os efeitos sociais, quem vai pagar a crise, quais as consequências para lá do plano económico e social e quais as rupturas necessárias para debelar esta crise e evitar crises futuras?
Após a tentativa de ocultação da real dimensão da crise, os seus responsáveis económicos e políticos invertem a agora o discurso. De uma crise «limitada aos EUA» e ao «sub-prime» ou da «inexistência de riscos de contágio da economia produtiva», passa-se para afirmações como «o pior tsunami financeiro do último século» (Alan Greenspan); «uma crise sem precedentes» que «põe em perigo o próprio futuro da humanidade» (Nicolas Sarkozy) ou ainda a brilhante tirada de Durão Barroso: «ou nadamos juntos ou afundamos juntos». Mas tais afirmações não significam qualquer rebate de consciência, pelo contrário. Para lá da espuma dos discursos estão as decisões.
O capitalismo não está morto
Partindo da análise da natureza de classe das medidas já adoptadas pelos países da tríade, alimentando a concentração de capital, a especulação e as fusões e aquisições; das conclusões do último Conselho Europeu; das propostas concretas já apresentadas para a Cimeira de Washington e para a cimeira de chefes de Estado e de governo da União Europeia, a conclusão é só uma: O Capitalismo não está morto, e, apesar de condições muito desfavoráveis, avança na ofensiva económica, social, política e ideológica e mantém a sua natureza e características. Insiste-se nas mesmas soluções económicas de sempre; aborda-se uma profunda crise económica pela óptica financeira; desenham-se grandes operações mediáticas para parecer que tudo mudou, ficando tudo na mesma - inclusive através da mega-operação mediática Barack Obama; intensifica-se a ofensiva imperialista como o demonstram a recente provocação militar na Síria, a intensificação da guerra no Afeganistão e os acordos militares da NATO com a ONU e desenvolvem-se as contradições inter imperialistas, fenómeno característico do capitalismo em tempo de crise.
Mas existem razões para a dramatização dos discursos do sistema e para a aparente crítica às causas da crise: limitar a «excessos» e «ganância» as suas causas; tentar esmagar com o peso da crise a consciência política e capacidade de reivindicação dos trabalhadores e dos povos; retirar do campo de batalha a luta de classes vendendo a ideia de que todos têm que sofrer com a crise; apresentar medidas de pura cosmética como viragens de fundo - veja-se o renascer das cinzas do termo «keynesianismo» para caracterizar ideias e conceitos claramente inseridos no pensamento neoliberal como por exemplo a regulação e a socialização de prejuízos –; abrir caminho às ideias de Estados autoritários e governos económicos transnacionais e tentar limitar a discussão das alternativas à «moralização e regulação» do sistema.
É neste quadro de dificuldades do capitalismo mas também da sua ofensiva que os povos têm que travar batalhas decisivas. Firmeza ideológica, intensa luta de massas, partidos comunistas fortemente organizados e a afirmação do Socialismo, são a principal arma neste combate travado em difíceis condições com o demonstra o feroz bloqueio mediático às posições do PCP sobre a crise do capitalismo.