Terra vendida aos poderosos
Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), organização das Nações Unidas, nos últimos três anos, só em África, 20 milhões de hectares foram adquiridos por interesses estrangeiros, tendo sido posto em marcha um processo global no qual os investidores estrangeiros, públicos ou privados, chegam a acordo com os governos para controlar vastas extensões de terra (muitos destes acordos englobam mais de 10 mil hectares e outros chegam a mais de 500 mil hectares), as quais são imprescindíveis para a segurança alimentar dos países em questão.
Num carta enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros e ao embaixador de Portugal na FAO, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) alertou para o facto de a «apropriação de terras» estar a aumentar, negando a terra às comunidades locais, destruindo os seus meios de subsistência, reduzindo o espaço das políticas agrícolas que beneficiam os camponeses, destruindo os ecossistemas, acelerando o aquecimento global e distorcendo o mercado, «favorecendo interesses cada vez mais concentrados na agro-indústria e do mercado global, em vez de apoiar a agricultura familiar sustentável para mercados regionais e locais para gerações futuras».