Mobilizados para todos os combates
«A hora é de luta e de fazer frente a esta guerra sem quartel que o grande capital europeu e nacional move contra os interesses dos trabalhadores e do povo», disse Jerónimo de Sousa no comício que assinalou o aniversário da primeira célula do Partido na Amadora.
«Só a luta pode abrir espaço a uma ampla contra-ofensiva popular»
Comunistas de várias gerações encheram, ao final da tarde de domingo, o Auditório Municipal da CM da Amadora. O caso não era para menos. Afinal, comemorava-se os 87 anos da criação de uma das primeiras células do Partido, organização que, desde então, conta com décadas de combate pelo progresso social e o socialismo, e nele formou milhares de quadros, sempre ligada às massas.
«Quem não se lembra o que foi o baluarte político constituído pelas células das grandes empresas da zona industrial da Amadora?», lembrou Mário Miguel, do Executivo da Concelhia na intervenção de abertura da iniciativa. «Nos anos 80, trabalhavam na zona industrial da Venda Nova cerca de 15 mil trabalhadores em empresas com grande contributo para a riqueza nacional».
Hoje, o cenário é bem diferente. Décadas de política de direita transformaram o concelho «num dormitório, fornecedor de mão-de-obra barata e sem qualificação». A devastação só não foi mais precoce e mais profunda fruto da luta dos trabalhadores e do seu Partido, notou ainda o dirigente.
A Amadora precisa de uma grande aposta no sector produtivo, de emprego com direitos e salários valorizados, e esses objectivos só podem ser atingidos com uma política verdadeiramente de esquerda, expressou Mário Miguel.
Mudança para a qual contribuem as grandes acções de massas, a começar pela Greve Geral e pela campanha de Francisco Lopes à Presidência da República, referiu.
Todos na Greve Geral
A encerrar a iniciativa que fez brilhar os olhos dos comunistas da Amadora, a cidade rubra e resistente, como afirmam os jovens sem medo de tomar Partido, o secretário-geral do PCP começou por sublinhar que face «à guerra declarada pelos grandes centros de decisão do capitalismo e do capital multinacional aos salários, aos direitos laborais, ao emprego, ao sistema de protecção social, aos serviços públicos, aos sectores produtivos das economias mais frágeis e à soberania dos povos», a «hora é de luta».
A escassos dias da Greve Geral convocada pela CGTP-IN e no contexto de fortes jornadas de protesto - como aquela que mais de cem mil trabalhadores da Administração Pública realizaram em Lisboa -, é importante cerrar fileiras, «cimentando laços de combate nos que não se resignam, nem aceitam viver sob o jugo da dominação».
Esta é «uma guerra prolongada que se trava batalha a batalha», disse Jerónimo de Sousa, mas «só a luta e acção política consciente e avisada do que está em jogo pode abrir espaço a uma ampla contra-ofensiva popular, isolar social e politicamente os que se alimentam da exploração do trabalho e dos povos, e construir com as massas a mudança necessária que concretize o Portugal de progresso, de justiça e solidário a que aspiramos».
Contra a NATO, sem medo
«No nosso país, a Greve Geral do próximo dia 24 é, no imediato, a grande resposta dos trabalhadores portugueses à ofensiva que o Governo do PS, com o apoio do PSD e o incentivo de Cavaco Silva, desenvolve contra os direitos dos trabalhadores e do povo, agravando injustiças e desigualdades e comprometendo o futuro do País».
Resposta que tem não apenas a solidariedade do PCP, «mas que pode contar com uma activa intervenção desta força» e dos seus militantes, preparados para estarem «onde é preciso estar para garantir o êxito desta grande luta», insistiu o secretário-geral do PCP.
Quatro dias antes, porém, a luta vai sair à rua contra o imperialismo e a guerra. Na avenida que será de facto a da nossa liberdade, a manifestação convocada pela Campanha Paz sim! NATO não! «é parte integrante da luta emancipadora contra a exploração e dominação capitalistas, e constitui um elemento central da defesa da soberania e da democracia».
A poderosa campanha de intoxicação das massas «tenta apresentar a Cimeira da NATO como algo de positivo para o nosso povo, para o País e para a segurança internacional e, por outro lado, associar a luta pela paz à violência e insegurança! É uma campanha de mentiras, de desinformação e de intoxicação ideológica! O que se vai passar em Lisboa, lá para os lados da FIL, não é bom nem para nós, nem para nenhum povo deste Mundo», prosseguiu Jerónimo de Sousa.
«Em Lisboa vão estar, dizem, mais de 60 chefes de Estado. Entre eles estarão alguns dos mais directos responsáveis pela situação de catástrofe social e de profunda insegurança no Mundo actual», por isso, «este é o momento para demonstrar aos imperialistas que a sua cimeira não é bem-vinda a Portugal, e que neste pequeno País do extremo ocidental da Europa, os ideais da revolução libertadora de Abril, do internacionalismo, da solidariedade e da paz continuam a ser valores de um povo».
«Que ninguém falte no próximo dia 20», apelou o secretário-geral do PCP depois de frisar que entre as mais de 100 organizações promotoras do protesto estará o Partido Comunista Português e os seus militantes, determinados e confiantes.