Lutar na segurança
Os profissionais das forças e serviços de segurança vão continuar a realizar protestos públicos, até para tal haver razões, garantiram dirigentes e activistas na concentração que anteontem teve lugar em S. Bento.
Além da justa retribuição do trabalho, está em causa o serviço prestado
O protesto, durante a tarde, foi promovido pela Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, «em resultado das políticas prejudiciais para o sector da segurança interna, que têm sido definidas pelo actual Governo», e com o objectivo de exigir para 2011 «políticas que garantam o normal funcionamento das instituições que zelam pela segurança dos cidadãos», e que sejam criadas «condições mínimas de trabalho em situação de dignidade, com motivação e abonando as compensações devidas» aos profissionais.
O secretário nacional da CCP, Paulo Rodrigues (também presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, ASPP/PSP), explicou aos jornalistas que apenas estão a exigir ao Governo que ponha em prática as regras que este definiu nos novos estatutos profissionais, nomeadamente que actualize as promoções e novas posições remuneratórias dos agentes.
As medidas de «austeridade» incluídas no Orçamento do Estado - tanto as reduções salariais, como os aumentos dos impostos e os cortes nos apoios sociais, como a diminuição de verbas para as instituições - foram reiteradas como motivo de descontentamento dos profissionais e de preocupação pela degradação das condições em que prestam serviço. «Numa primeira fase são os polícias que sofrem com estas medidas, mas numa segunda fase vão ser os cidadãos a pagar a factura desta política errada», preveniu Paulo Rodrigues, citado pela agência Lusa.
Estiveram presentes na concentração, junto à residência oficial do primeiro-ministro, representantes das seis estruturas que constituem a CCP: APG/GNR, ASPP/PSP, ASPPM (Polícia Marítima), SCIF-SEF, SNCGP (Guarda Prisional) e ASF-ASAE.
Na Guarda Prisional, foi desconvocada a greve que deveria ter-se iniciado no dia 10. Depois de alguns compromissos assumidos pela direcção-geral dos Serviços Prisionais, quanto a progressões de escalão, teve lugar anteontem uma reunião com responsáveis dos ministérios das Finanças e da Justiça. O sindicato decidiu manter o período de greve anunciado para dias 22 e 23, mas vai aguardar até ao final desta semana por uma resposta do Governo sobre as horas extraordinárias e o suplemento de turno. Na reunião ficou ainda prevista a criação de um grupo de trabalho, para iniciar a negociação sobre os estatutos da Guarda Prisional. No início da próxima semana reúnem-se os corpos gerentes do SNCGP, para analisar a resposta do Governo.
Investigação
Os funcionários da investigação criminal da Polícia Judiciária entraram ontem num primeiro período de greve, a todo o trabalho fora do horário normal, que se prolonga até 15 de Janeiro. O início da paralisação foi confirmado na terça-feira, ao início da noite, após uma reunião infrutífera no Ministério das Finanças. O presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ (ASFIC/PJ), disse à agência Lusa que não foi apresentada qualquer nova proposta pelo Governo. As «medidas injustas e arbitrárias» que o Governo incluiu no Orçamento do Estado e a falta de respostas aos problemas colocados no caderno reivindicativo apresentado em 2009 levaram a ASFIC a aderir à greve geral e justificam agora o prosseguimento da luta.