Hondurenhos protestam contra política de direita

Povo não desarma

Pela segunda vez em quinze dias, os trabalhadores e o povo hondurenho aderiram massivamente a uma paralisação em todo o país. Nem a repressão impediu a iniciativa realizada em defesa dos direitos sociais, laborais e políticos.

«Para a FNRP, a acção foi um êxito»

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Foto LUSA

Convocada pela Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) e pelo movimento sindical unitário, a paralisação, cumprida faz hoje uma semana, foi atendida por milhares de hondurenhos. O objectivo era garantir o retrocesso nos planos de privatização dos sectores da educação e saúde, o regresso incondicional de Manuel Zelaya e a libertação de todos os presos políticos, a readmissão imediata dos 305 professores demitidos ou suspensos por participaram nas greves e manifestações ocorridas durante o mês de Março, e a elevação dos salários, demasiadamente curtos para fazer face à generalizada subida de preços num território onde mais de 60 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza.

Manhã cedo, os trabalhadores bloquearam pelo menos uma dezena de estradas principais e concentraram-se em instituições públicas, iniciativa particularmente evidente nas centenas de ocupações de estabelecimentos de ensino e dependências da administração central, levadas a cabo por docentes, estudantes e funcionários públicos. Acrescem oito marchas que percorreram as ruas de algumas das principais cidades do país.

Para a FNRP, a acção foi um êxito, demonstrando que sectores anteriormente menos mobilizados para a luta, como por exemplo os taxistas e os pequenos transportadores esmagados pelo preço dos combustíveis, começam agora a juntar-se aos protestos populares.

Em resposta às movimentações de massas, o governo de Porfirio Lobo mandou avançar a repressão. Na província de Olancho a violência oficial foi especialmente evidente, com a detenção de mais de 40 pessoas. Os manifestantes acabaram por ser libertados em resultado da pressão popular sobre as autoridades.

Em San Pedro Sula também se registaram detenções e o ferimento de um menor atingido por uma granada de gás lacrimogéneo, e na capital, Tegucigalpa, estudantes e trabalhadores mobilizados pelas suas organizações representativas de classe elevaram a luta a um patamar superior face à paralisação do dia 30 de Março, considerou ainda a FNRP.

Na Universidade Pedagógica em Tegucigalpa, professores e alunos foram perseguidos no interior da instituição, invadida pela polícia, cenário que repetiu o que havia acontecido anteriormente na Universidade Autónoma.

 

Pela democratização e a paz

 

Paralelamente, no campo diplomático, prosseguem os esforços para fazer regressar as Honduras à ordem constitucional interrompida com o golpe de Estado de 28 de Junho de 2009 e o exílio forçado do presidente eleito, Manuel Zelaya.

Depois de um encontro com Zelaya e Hugo Chávez em Caracas, Juan Barahona, subcoordenador da FNRP, realçou que «uma vez cumprido o mandato presidencial, Zelaya tem de regressar às Honduras», retorno que tem de ser acompanhado do fim dos vergonhosos processos políticos interpostos na justiça hondurenha.

Barahona manifestou-se ainda favorável à mediação do conflito pelo presidente venezuelano, iniciada quando o presidente golpista das Honduras compareceu em Cartagena, Colômbia, a um encontro entre Chávez e o chefe de Estado colombiano, Juan Manuel Santos.

 

Nova base dos EUA

 

O Norte das Honduras vai receber uma nova base militar norte-americana, noticiou um diário hondurenho após uma reunião entre o ministro da Defesa do país, Marlon Pascual, e o chefe do comando Sul dos EUA, Douglas Fraser.

Caso se confirme a abertura da instalação, esta será a segunda base desde o estabelecimento da sede do comando Sul da América do Norte numa região das Honduras que faz fronteira com a Nicarágua.

Recorde-se que, em Fevereiro, um alto responsável norte-americano do serviço de combate ao tráfico de estupefacientes, William Brownfield, realizou um périplo pela América Central com o intuito de estabelecer com várias nações um plano semelhante ao estabelecido com a Colômbia.



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