Emergências

A situação é de «emergêmcia nacional», afirmou pomposamente o ministro da Economia, ao anunciar os objectivos imediatos do Governo em matéria de redução de direitos dos trabalhadores nas indemnizações que recebem no caso de serem despedidos, tendo-se para isso iniciado mais uma «ronda de conversações entre o Governo e representantes dos parceiros sociais, ou seja dos patrões e dos sindicatos.

Entretanto, a tal «emergência» nos cortes das compensações por despedimento, que o Governo, há pouco tempo, havia anunciado que só se aplicaria aos trabalhadores com novos contratos, afinal – di-lo agora o ministro –, há que procurar «a forma» de este «regime mais apertado» de indemnizações começar também a ser aplicado «aos trabalhadores mais antigos».

Deixando de lado o novo estilo destes ministros e deste Governo em mentirem grosseira e descaradamente com as suas próprias palavras, assinale-se também este novo estilo de «emergência nacional»: é todo ele virado para aumentar (sempre mais) os lucros, os níveis de exploração e a arbitrariedade dos patrões e concomitante perda de direitos, garantias e da mais leve dignidade social no emprego pelos trabalhadores.

«Emergência nacional»? Vão catar macacos...

Entretanto, a troika enviada pela UE e o FMI dos EUA continua a servir de capa para todos estes atentados criminosos às conquistas de Abril. Ao mesmo tempo, a União Europeia e a moeda única continuam a deslizar irreversivelmente para o abismo, o que talvez explique esta pressa grosseira do Governo em desmantelar o mais depressa possível o que resta das conquistas de Abril: devem temer que se lhes acabe «a capa».

 

Vacinas

Portugal assumiu a meta de, até 2014, haver 75% dos idosos do País vacinados contra a gripe sazonal, meta essa proposta pela Organização Mundial de Saúde.

Todavia, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, em 2010/11 só 48,3% das pessoas desta faixa etária foram imunizadas com esta vacina.

Este vergonhoso desonrar de um compromisso internacional, assumido com a autoridade máxima, no Mundo, em matéria de Saúde Pública, deve fazer parte das «poupanças na Saúde».

Se calhar, na opinião destes implacáveis burocratas que nos desgovernam, a razia provocada pela falta de vacinas pode começar com os mais velhos – mas, pelo estilo destas luminárias, os mais novos também não serão esquecidos...

 

Mudanças

Novidade na nova «política da Educação»: cinco mil alunos do Porto vão ser obrigados a mudar de escola. É claro que as «causas» são os novos «agrupamentos de escolas» e outras «racionalizações de recursos».

Como, por exemplo, o encerramento de mais umas centenas de escolas primárias, do despedimento abrupto de dezenas de milhares de professores, de mais cortes de verbas nos há muito exauridos politécmicos e universidades públicos, na redução brutal dos apoios sociais aos alunos mais carenciados (e são cada vez mais) em matérias tão básicas como a alimentação e os livros escolares.

Certamente até que a escola pública se fine completamente.

Será que esta gente, em matéria de Educação, almeja fazer regredir o País até aos tempos pré-pombalinos?

 



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