Cortes cegos e indiscriminados
Centenas de pessoas manifestaram-se, no dia 6, em Vendas Novas, contra a redução do horário do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) e a falta de médicos. Esta acção contou com a presença de autarcas locais e do deputado João Oliveira, do PCP.
A urgência hospitalar mais próxima fica a 57 quilómetros
A iniciativa, promovida pelo Movimento de Cidadãos Independentes pela Defesa do Serviço de Urgências no Centro de Saúde de Vendas Novas, teve como objectivo chamar a atenção do Governo, em particular do ministro da Saúde, para a falta de médicos no SAP, e para a necessidade de manter aquele serviço de urgência aberto e em funcionamento 24 horas por dia.
«Entendemos que os cortes no orçamento do Serviço Nacional de Saúde devem ser cirúrgicos, de forma a optimizar recursos humanos e técnicos, evitando desperdícios e despesas onde realmente não são necessárias. Mas esses cortes nunca poderão pôr em causa a qualidade de vida das populações e o acesso dos cidadãos aos serviços básicos de Saúde», salienta, em nota de imprensa, o movimento de cidadãos.
Sobre a intenção de encerrar o SAP das 20.00 às 8.00 horas, a Comissão Concelhia de Vendas Novas do PCP acusou, entretanto, o Governo de estar a fazer «cortes cegos e indiscriminados», num concelho «com um grande desenvolvimento económico, pela dimensão do parque industrial, com empresas em laboração contínua e com mais de 1500 trabalhadores» e onde existem vários «riscos associados ao tráfego rodoviário», tanto na EN4, como na auto-estrada e na Escola Prática de Artilharia. Junto ao concelho existem ainda grandes investimentos de carácter nacional e internacional, como a Plataforma Logística do Poceirão, o novo aeroporto de Lisboa e uma linha ferroviária electrificada.
A somar a todos estes factores, a urgência hospitalar mais próxima fica a 57 quilómetros, e, no caso da Freguesia da Lameira, a 77 quilómetros. Constrangimentos e dificuldades a que acrescem os custos que os cidadãos terão de suportar no transporte de ambulância ou de táxi, anteriormente pago pelo Serviço Nacional de Saúde, agora da responsabilidade do utente.