Crise na República Checa

Sinais de alarme

Sérgio Silva

A situação económica e social agrava-se na República Checa. A juventude é fortemente penalizada, intensificam-se os ataques ao sistema público de saúde, à segurança social, à escola pública e aos rendimentos do trabalho. Os sinais são de alarme.

Queda da economia gera indignação e protesto

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A construção civil e obras públicas estão mergulhadas numa crise profunda. O presidente da União das Empresas de Construção (SPS) disse recentemente que «a crise continua e vai continuar na construção». De acordo com o Instituto Checo de Estatística (CSU) no primeiro semestre deste ano o sector da construção conheceu uma quebra de 5,7 por cento.

Nesse mesmo período cresceu fortemente o número de insolvências de pessoas singulares. Foram declaradas insolventes 5229 pessoas, mais do dobro do período homólogo de 2010. E só no mês de Junho, segundo o Czech Credit Bureau, foram declaradas insolventes 1012 pessoas singulares e 235 pessoas colectivas.

A produção automóvel da construtora Skoda diminuiu nas fábricas de Mladá Boleslav, e os trabalhadores temem que a situação se agrave. De 1 de Outubro a final de Dezembro serão eliminados 21 turnos.

Segundo um estudo de opinião sobre o sistema fiscal checo realizado pelo SANEP – centro de análise e investigações empíricas –, dois terços dos checos querem a introdução de escalões progressivos no imposto sobre o rendimento das pessoas singulares, que hoje tem uma taxa única de 15 por cento.

Depois do Partido Comunista da Boémia e Morávia (PCBM) e da Confederação das Uniões Sindicais da Boémia e Morávia terem alertado para a queda da economia, foi a vez da Associação Checa de Bancos, na sua actualização das previsões económicas, baixar a meta do ritmo do crescimento económico para 2012 de 2,6 por cento para apenas 1,3 por cento, uma redução que se pode agravar substancialmente devido à dependência face às economias alemã e francesa.

Esta situação levou já várias personalidades de relevo a defenderem, em alternativa, um maior relacionamento com a Rússia e a Ucrânia, o Cazaquistão e outras ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, a China, a Índia, o Vietname e outros países do Sudeste Asiático. No fundo, recuperar as relações num antigo espaço económico onde a ex-Checoslováquia era um actor de primeira ordem.

Vários sectores da sociedade checa manifestam-se chocados com os indicadores que trouxeram à luz do dia a degradação da posição relativa da economia checa no contexto da economia mundial. Há quem se indigne com o facto de, em poucas décadas, a Checoslováquia, que se situava entre os países mais industrializados e economicamente mais influentes do mundo, se ter transformado num país que está quase ao nível de Portugal – foi esta a comparação feita por alguns jornais.

Entretanto, o PCBM tem exigido a demissão do governo do primeiro-ministro Necas, porque «é claro que a situação económica e social na República Checa ainda vai piorar. (…) A política de cortes sem critério da despesa pública ainda aprofundou mais as consequências da crise nas camadas sociais mais fracas.»

De acordo com vários estudos de opinião, terá estabilizado a tendência para uma «maioria de esquerda», com o Partido Social-Democrata (CSSD) e o PCBM a terem mais votos e deputados do que os partidos da direita. Alguns inquéritos têm mesmo apontado para a possibilidade do PCBM se tornar na segunda força política.

É neste quadro que se desenvolve a campanha contra o PCBM, promovida pelo governo, que encarregou o Ministério do Interior de apresentar uma proposta para suspensão da actividade do partido. Depois internamente ter constatado que não há fundamento para a suspensão, o Ministério encomendou um estudo a quatro especialistas externos para analisarem a possibilidade de suspensão da actividade deste partido irmão.

O PCBM está confiante de que a luta derrotará este governo e as políticas por si conduzidas, incluindo o anticomunismo.



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