Sobre as greves e a situação da CP

CT contra mentiras e chantagens

A Comissão de Trabalhadores da CP acusou o Governo e a sua administração de lançarem «uma onda repressiva» na empresa, «com centenas de processos disciplinares e a ilegal marcação de faltas injustificadas», procurando assim «atemorizar os ferroviários, fazê-los aceitar sem luta o ataque aos seus direitos».

A posição da CT foi tomada no dia 9, numa conferência de imprensa a que também se associou o Sindicato dos Ferroviários (SNTSF/CGTP-IN), e que foi convocada para protestar contra «mentiras e chantagens» da empresa. Nessa mesma sexta-feira, a propósito da greve anunciada pelo Sindicato dos Maquinistas para os dias 23 a 25 de Dezembro e 1 de Janeiro, que inclui também a recusa de horas extraordinárias e que coloca como exigência principal a anulação de processos disciplinares, uma porta-voz da empresa lançou a ideia de que a realização de greves colocaria em causa o pagamento de salários.

Rejeitando «as tentativas do Governo e da administração de responsabilizar os ferroviários pela situação a que as erradas opções políticas estão a conduzir a empresa e o País», a CT divulgou um comunicado para «repor a verdade e defender os direitos dos ferroviários».

Como solução para o problema que o Governo e a sua administração criaram, a CT indica a anulação, de imediato, de «todos os processos disciplinares levantados aos ferroviários, bem como todas as faltas injustificadas ilegalmente marcadas».

Mas a CT recorda outros focos de conflito, como a alteração ilegal das escalas dos trabalhadores, mudando todas as folgas e horários de trabalho em vésperas do Natal e do Ano Novo. Este comportamento foi agravado pelo recurso à mentira, pois numa reunião com os sindicatos, dia 2, informou que ainda não estavam elaboradas as novas escalas, mas passados uns dias começou a distribuí-las... com data de 29 de Novembro.

Tais alterações às escalas foram feitas no quadro de uma nova redução da oferta aos utentes na área metropolitana de Lisboa. Ora, protesta a CT, esta «reorganização» estava já apontada no documento do grupo de trabalho criado pelo Governo, contestado vivamente por organizações dos trabalhadores e dos utentes e por autarquias. Mas o secretário de Estado dos Transportes e o ministro da Economia recusaram discutir esse documento, por não se tratar de uma proposta formal do Governo. «O Governo mentiu, com todos os dentes», acusa a CT.

Nota ainda a CT que o Governo que, pela sua administração na CP, vem ameaçar os ferroviários que, se lutam, não lhes paga o salário, é o mesmo que decide roubar dois salários por ano aos ferroviários, roubar nas horas extraordinárias, no pagamento do trabalho nocturno e em dia feriado, é o mesmo que afirma querer despedir mil ferroviários, querer destruir a contratação colectiva, e que, ao mesmo tempo, anuncia novos apoios de milhares de milhões para a banca e para o grande capital.

A CT reafirma que «os ferroviários estão em luta e continuarão em luta, para se defenderem de um ataque brutal», e indica ao Governo e à administração da CP «uma solução fácil»: «parar com os ataques aos ferroviários, parar com a política de destruição da CP».



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