Esforço de mobilização em todos os sectores e regiões

Todos ao Terreiro do Paço!

A grande manifestação nacional que a CGTP-IN promove no próximo sábado, em Lisboa, deverá atingir uma dimensão inédita, para constituir uma resposta à altura da grave ofensiva desencadeada contra os trabalhadores e a grande maioria dos portugueses.

Todos os justos motivos de descontentamento convergem nesta luta

Image 9682

A manifestação foi convocada na primeira reunião de 2012 do Conselho Nacional da CGTP-IN, a 4 de Janeiro, que decidiu realizar outras acções com expressão pública ainda naquele mês. A evolução da situação continuou a provar a necessidade da luta dos trabalhadores, que teve um momento alto na greve geral de 24 de Novembro e que foi determinante para que o Governo recuasse na intenção de alargar os horários de trabalho em meia hora por dia, sem qualquer remuneração. Alguns milhares de dirigentes e delegados sindicais e membros de comissões de trabalhadores manifestaram-se em Lisboa, no dia 18 de Janeiro, para entregarem milhares de pareceres e assinaturas contra a proposta que o Governo acabaria por retirar.

Ao recuo acabou por seguir-se um ataque ainda mais amplo e violento, com base no «compromisso» que patrões, Governo e UGT subscreveram na Concertação Social, nessa mesma data, para graves alterações à legislação laboral. Como se mostrou com detalhe no caderno especial que na edição da semana passada dedicámos a esse «acordo», não há no documento uma única medida que seja favorável aos trabalhadores e todas vão no sentido de oferecer ao patronato condições legais para intensificar a exploração. Com a pressa de quem sabe que pode ainda ser derrotado, o Governo aprovou no último Conselho de Ministros a iniciativa legislativa que vem dar seguimento aos conteúdos do «acordo» e às instruções da troika estrangeira.

 

Guerra ao trabalho

 

A proposta de lei de alteração ao Código de Trabalho, que segue para a Assembleia da República, visa facilitar os despedimentos e reduzir as indemnizações, alargar a precariedade, atacar a contratação colectiva, reduzir o pagamento do trabalho suplementar e eliminar o descanso compensatório, permitir o alargamento do horário de trabalho por via de «bancos de horas», impor o trabalho ao sábado sem remuneração (por esta mesma via) ou como dia normal de laboração, e ainda eliminar quatro feriados e três dias de férias. Estes objectivos configuram, como o PCP e a CGTP-IN têm afirmado, a maior declaração de guerra aos trabalhadores, jamais feita no Portugal democrático.

Ao definir o lema geral da manifestação –Não à exploração, às desigualdades e ao empobrecimento! Outra política é possível e necessária!» –, a CGTP-IN acentuou a extrema gravidade do que está hoje a ser posto em causa, mas realçou também a urgência de mudar de rumo e a possibilidade de, com a luta dos trabalhadores, com a sua intensificação e o seu alargamento, alcançar uma alternativa.

«Esta é uma política que é preciso combater» e «dia 11 vamos manifestar todos os descontentamentos, protestos e indignações, contra a política que rouba aos trabalhadores e ao povo, ao mesmo tempo que empurra o País para o precipício» – tal é o insistente apelo lançado há cerca de um mês pela Intersindical Nacional e que, desde então, tem sido levado a milhares de trabalhadores, por todo o País, em plenários, reuniões e múltiplos contactos mais informais, mas também em iniciativas com expressão de rua. É com este apelo que, nos últimos dias, as uniões distritais, as federações sectoriais e os sindicatos, bem como a Interjovem e a Inter-Reformados, se têm empenhado em organizar a grande manifestação do próximo sábado, para fazer da Praça do Comércio o «Terreiro do Povo».

Em alguns sectores, como o comércio, escritórios e serviços, foram apresentados pré-avisos de greve, para possibilitar que quem decida participar na manifestação justifique a ausência do local de trabalho.

Image 9683

 

Pré-concentrações

Para o Terreiro do Paço, os trabalhadores vindos dos diversos distritos vão deslocar-se a partir de quatro pontos prévios de concentração:

- Restauradores: Lisboa

- Cais do Sodré: Setúbal

- Martim Moniz: Viana do Castelo, Braga, Bragança, Vila Real, Porto e Aveiro

- Santa Apolónia: Coimbra, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Portalegre, Évora, Beja e Faro.



Mais artigos de: Trabalhadores

Reparar a injustiça na <i>Sotancro</i>

Dezenas de representantes sindicais e trabalhadores manifestaram-se, dia 1, até à fábrica da Sotancro, na Amadora, contra o despedimento «com argumentos forjados» do dirigente sindical Vítor Correia.

Mais uma razão para lutar

Ao não conceder tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval, o Governo deu aos trabalhadores da Administração Pública mais uma razão para participarem na manifestação de sábado, no Terreiro do Paço.

Na via para novas lutas

As greves de dia 2 tiveram adesão total no Metro de Lisboa, na Transtejo e na Soflusa, enquanto na CP Carga e na STCP o nível de participação dos trabalhadores superou os 90 por cento.

Fenprof traça prioridades

A Fenprof e os sindicatos estão a mobilizar os professores para uma grande participação na manifestação nacional do próximo sábado. Outras prioridades dão seguimento à luta necessária.

 

<i>CSPa</i> multada por banco de horas ilegal

A empresa CSP foi multada em 20 400 euros pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) de Almada por ter descontado nos salários de 22 trabalhadoras pretensas faltas, por estas não terem trabalhado alguns sábados, ao abrigo de um banco de horas ilegal, em 2009. Na...

Mineiros derrotam precariedade

A luta do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira forçou a passagem à efectividade de 70 trabalhadores da Empresa de Perfuração e Desenvolvimento Mineiro, EPDM, no mês passado, informa a Fiequimetal/CGTP-IN, num comunicado de dia 1. O sindicato requereu a...

Frente Comum contesta «acordo»

O denominado «Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego», subscrito pelas associações patronais, o Governo e a UGT, «ataca os trabalhadores do sector privado, ao dar aos patrões todo o poder para despedir, alterar os horários de...

Privados a ganhar

Os cortes nas remunerações dos trabalhadores das empresas do sector empresarial do Estado são «ilegais e ilegítimos, porque violam a Constituição e as normas contidas na contratação colectiva» e esse dinheiro «está a ser desviado para os...

Cortes recusados na <i>TAP</i>

Na sexta-feira, dia 3, mais de mil trabalhadores declararam, em plenário no Aeroporto de Lisboa, disponibilidade para combater o roubo dos salários e a revisão da legislação laboral e para «reforçar a luta contra esta política, que...

Mãos livres para despedir na construção

«Urge travar despedimentos colectivos mascarados de falsas “rescisões amigáveis” imediatas», avisou, a 30 de Janeiro, a Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro. Lembrando que a crise que o sector da...