PCP contra o encerramento de serviços

Portugueses têm direito à saúde

Dando o exemplo da Maternidade Alfredo da Costa, Jerónimo de Sousa manifestou-se contra o encerramento e concentração de serviços de saúde, assim como a redução do número dos seus trabalhadores.

Milhões de portugueses sofrem com a política do Governo

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Profissionais «a quem muito o País deve pelos indicadores de saúde materno-infantil e neo-natal, conseguidos desde a Revolução de Abril», sublinhou, segunda-feira, o Secretário-geral do PCP, um dia antes de, promovido pelas Comissões de Utentes de Saúde de Lisboa, se ter realizado um «abraço humano» contra o encerramento, já anunciado pelo Governo, da Maternidade Alfredo da Costa, unidade onde ocorre o maior número de nascimentos do País, e o desmantelamento da sua equipa multidisciplinar, que segue o maior número de grávidas no território nacional, nomeadamente de grávidas de alto risco, e que assiste ao maior número de bebés prematuros que nascem com menos de 1500 gramas de peso.

Esta Maternidade tem ainda o maior Centro Público de Medicina Reprodutiva da cidade de Lisboa, sendo uma grande escola de formação de profissionais na área da saúde materno-infantil. É, de igual forma, um verdadeiro exemplo de rentabilização de recursos humanos e materiais, que recebeu recentemente grandes investimentos para renovação de vários serviços.

 

Governo ilude os portugueses

 

Na conferência de imprensa onde se analisou «as consequências do processo de destruição do Serviço Nacional de Saúde», o Secretário-geral do PCP teceu ainda fortes críticas ao novo cálculo para a isenção do pagamento de taxas moderadoras que, segundo o Governo, iria isentar cerca de cinco milhões de utentes, mas que, terminado o prazo, apenas abrange pouco mais de um milhão de portugueses. Situação semelhante acontece com o preço dos medicamentos, que aumentou em 2011 quatro por cento, comparativamente com o ano de 2010. «Não dizem aos portugueses qual a razão por que continuam a pagar mais nas farmácias por menos medicamentos», sublinhou Jerónimo de Sousa, condenando ainda o encerramento de serviços de urgência, deixando «centenas de milhares de portugueses a 50 e mais quilómetros de uma urgência básica, sem acesso a uma rede pública de transportes eficaz», ou, como está a acontecer na região de Lisboa, «onde fecham a urgência do Curry Cabral, levando a que se criasse um cenário por vezes dantesco nas urgências de Santa Maria e São José».

Para o futuro, está ainda previsto encerrar a urgência polivalente do Hospital de Almada durante a noite e a do Hospital São Francisco de Xavier. Situação que se repete noutras regiões do País, como são os casos do Hospital de Évora e dos Covões, em Coimbra.


Encerramento de mais urgência em Lisboa

Saúde de milhares de pessoas em risco

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Com o argumento da reestruturação hospitalar, o Governo, através do ministro da Saúde, tornou público que vão ser encerradas mais urgências hospitalares na área da grande Lisboa, ficando apenas duas a funcionar.

«Sabendo-se, como já hoje se sabe, que devido ao encerramento das urgências do Hospital Curry Cabral as urgências dos hospitais de Santa Maria e São José passaram a funcionar pior do que funcionavam anteriormente ao referido encerramento, os doentes passaram a esperar mais tempo para serem atendidos e os próprios profissionais a terem mais dificuldades de funcionamento, constatando-se tal realidade como é possível proceder ao encerramento de mais urgências hospitalares», interroga-se o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), reafirmando que «estas e muitas outras decisões e medidas» são tomadas e aplicadas «sem qualquer critério, que não o economicista», pondo em causa «a saúde de milhares de pessoas, o acesso aos serviços, e a qualidade e funcionamento dos próprios serviços».

 

PCP exige esclarecimentos
Falta de médicos em Santarém

 

António Filipe, deputado do PCP, exigiu, na passada semana, esclarecimentos do Ministério da Saúde sobre a falta de médicos especialistas de medicina interna no Hospital de Santarém.

De acordo com um documento apresentado na Assembleia da República, há, neste momento, apenas 11 clínicos neste serviço, quando, «de acordo com o proposto pelo normativo da Autoridade Central do Sistema de Saúde de 2011, deveria dispor de 46 internistas», uma vez que esta unidade hospitalar tem 400 camas para uma população de 191 mil habitantes.

A pergunta do deputado comunista tem por base uma carta aberta que os 11 profissionais afectos à medicina interna dirigiram ao Conselho de Administração do Hospital de Santarém, onde alertam para «as difíceis condições de trabalho a que estão a ser submetidos, com graves consequências para o serviço prestado».


Penalva do Castelo
Encerramento criminoso

 

Devido à falta de médicos, estão encerradas as portas do Centro de Saúde de Penalva do Castelo, sem que tenha havido qualquer aviso prévio, nem da ACES Dão Lafões III, nem da Administração Regional de Saúde do Centro.

Em nota de imprensa, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Saúde do Distrito de Viseu (CUSPSDV), núcleo de Penalva do Castelo, manifestou o seu «protesto e frontal oposição» a este encerramento, uma vez que a situação é «absolutamente inadmissível e criminosa». «As únicas alternativas para os utentes são os centros de saúde do Sátão e de Mangualde, ou as urgências do hospital de Viseu», esclarece a Comissão de Utentes, contestando «as políticas economicistas deste Governo», que «desprezam os cidadãos». Para contestar esta e outras situações, no sábado, 14 de Abril, os utentes prometem participar numa concentração em Coimbra, na Rotunda dos Hospitais da Universidade.

 

Novo protesto no dia 19
Em defesa da MAC

 

Cerca de um milhar de pessoas participou anteontem, em Lisboa, num cordão humano em defesa da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), que o Governo quer encerrar até 2015 (ver pág. 6). Para o dia 19 de Abril está já agendado um novo protesto, que consiste num desfile entre a MAC e o Ministério da Saúde. Uma decisão tomada em plenário, realizado antes do cordão humano, onde se constituiu uma plataforma com movimentos de cidadãos e sindicatos.

«É contra esta política ao serviço dos grandes grupos económicos, à custa da miséria e de sacrifícios, que vamos, conjuntamente com outras estruturas ligadas ao movimento sindical e social, realizar no sábado, dia 14, em locais diversos do País, uma manifestação em defesa do Serviço Nacional de Saúde», salientou, em nota de imprensa, o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, que manifesta solidariedade com a «justa luta» dos trabalhadores da MAC.

 




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Jornada nacional em defesa do SNS

Por todo o País, sábado, 14 de Abril, será dia de luta em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do direito dos portugueses ao acesso aos cuidados de saúde. Entre as principais reivindicações está o fim das taxas moderadoras, a redução do preço dos medicamentos, o apoio ao transporte de doentes não urgentes para milhares de pessoas e a abertura de serviços de proximidade. Esta acção, promovida pelo Movimento de Utentes dos Serviços Públicos e vários sindicatos de profissionais de saúde, conta com o apoio e solidariedade do PCP.

Libertar o País das amarras da especulação

Precisamente no dia em que se cumpria um ano sobre a apresentação da proposta do PCP de renegociação da dívida pública portuguesa, os comunistas anunciaram que voltarão a apresentar essa proposta, pois a realidade do País torna ainda mais urgente a renegociação da dívida. Como explicou Jerónimo de Sousa num acto público realizado no dia 5, no Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa, a renegociação que os comunistas defendem – envolvendo prazos, juros e montantes – é indispensável para «libertar e canalizar recursos do lado do serviço da dívida para a promoção do investimento produtivo, da criação do emprego e de outras necessidades do País». Transcrevemos em seguida, na íntegra, a declaração do Secretário-geral do PCP.