Professores prosseguem luta
O Sindicato dos Professores de Chicago decidiu prolongar pelo menos até ao dia de hoje a greve iniciada no passado dia 10 e cumprida desde então por cerca de 29 mil profissionais. Em plenário realizado no domingo, 16, os cerca de 800 delegados sindicais acordaram realizar até ao final desta semana consultas sobre o curso da paralisação junto dos docentes.
Face à manutenção do protesto que deixa cerca de 350 mil alunos sem aulas, o presidente da Câmara de Chicago, Rahm Emanuel, anunciou o recurso aos tribunais. O objectivo é arrancar da justiça uma declaração de ilegalidade da luta, desencadeada no terceiro maior distrito educativo dos EUA.
A motivar a primeira greve de professores de Chicago em 25 anos está um pacote legislativo que, entre outras medidas, prevê o encerramento de escolas, a entrega de mais estabelecimentos à exploração privada e cooperativa, e a concentração da gestão numa junta metropolitana, cujo conselho de administração é dominado por executivos e ex-executivos de empresas.
O diploma proposto por Rahm também prevê a normalização de um determinado tipo de testes, cujos resultados influenciariam a avaliação dos professores, a sua progressão na carreira e renovação de contratos.
Acrescem, de acordo com o Sindicato dos Professores, os cortes previstos no financiamento das instituições e a possibilidade de os directores contratarem livremente os docentes, facto que, a ser levado por diante e aliado a uma outra lei que só reconhece como legais as greves de carácter económico, aprofundaria a precarização das relações laborais e fragilizaria a acção reivindicativa no sector.
Crise profunda
A greve dos professores de Chicago decorre num contexto de crise social e económica profunda. Segundo os últimos indicadores, o total de norte-americanos que sobrevivem abaixo do limiar da pobreza manteve-se nos 15 por cento em 2011, isto é, mais de 46 milhões de indivíduos. Quando considerados os jovens adultos (entre os 25 e os 34 anos), a taxa cresce para os 43,7 por cento.
Os mesmos dados oficiais revelam que o salário médio nos EUA caiu, o ano passado, em cerca de 1,5 por cento, encontrando-se agora a níveis de 1995, ao passo que a desigualdade de rendimentos (medida pelo índice Gini) cresceu 1,6 por cento.
Neste contexto, não é de estranhar que cerca de metade dos cidadãos sem seguro de saúde tenham deixado de comprar medicamentos receitados, e que 62 por cento dos entrevistados pelo Centro Nacional de Investigação sobre o Consumo tenham afirmado que deixaram de ir ao médico por falta de recursos.
Por outro lado, os indicadores económicos continuam a mostrar a persistência da crise no país. A produção industrial registou em Agosto a sua maior contracção em três anos, e as estimativas de crescimento da economia para este ano foram revistas em baixa pela Reserva Federal para valores entre 1,7 e dois por cento.
A subir, só mesmo o índice de preços no consumidor, o qual, revelou o departamento do Trabalho, alcançou em Agosto um máximo de três anos.