Um colectivo combativo e determinado
O comício do PCP realizado no domingo em Oliveira de Azeméis, ao qual compareceram centenas de militantes e simpatizantes do Partido, fez transbordar o auditório da Junta de Freguesia local – um espaço que não se encheu apenas de gente, mas de determinação e combatividade em lutar por um novo rumo para o distrito de Aveiro e para o País.
Na sua intervenção, o Secretário-geral do PCP acusou o Governo de mentir quando falava da «maratona da austeridade», pois as metas continuarão a ser alteradas enquanto for possível «esmifrar» mais os trabalhadores e o povo português. A prová-lo estão as declarações de Angela Merkel, proferidas no sábado, em que veio dizer «que isto ainda dura mais cinco anos». No início, lembrou Jerónimo de Sousa, o programa de austeridade foi apresentado como sendo para um «período curto, em que 2012 era o ano mais difícil».
O dirigente comunista alertou ainda para que não sejam subestimadas as vozes que «falam abertamente ou se insinuam com soluções de autoritarismo contra o movimento operário e sindical, quando não autoritárias na resolução dos problemas do País» ou que «sugerem a impossibilidade de conciliar a democracia com as medidas de austeridade a ferro e fogo que defendem». A sério devem também ser levadas as «considerações insultuosas de banqueiros, como Ulrich, que objectivamente apelam ao esmagamento dos interesses populares pelo reforço das medidas de austeridade».
Para os que, pertencendo ao «arco da troika» falam hoje em «fim de ciclo do actual Governo», Jerónimo de Sousa lembrou que «quem assim fala pouco fez para isso. Não fosse a luta dos trabalhadores e do povo e ainda andavam a dizer que o Governo devia seguir até 2015». A questão central, esclareceu, é saber se estes que assim falam estão a pensar na «ruptura com este malfadado caminho que está a conduzir o País ao declínio ou tão só manobram para garantir, como alguns já defendem, um novo compromisso para prosseguir a mesma política de sempre».
O Secretário-geral do Partido alertou ainda para o «falso e fraudulento dilema» com que o povo português está confrontado: o de aumentar os impostos ou cortar nas funções sociais do Estado. Com isto, garante, tentam esconder a «verdadeira solução para os problemas do País».
Antes, Mafalda Guerreiro, da Direcção da Organização Regional de Aveiro, valorizara já a participação de mais de 1500 trabalhadores do distrito na grande manifestação de 29 de Setembro, em Lisboa. A dirigente regional do Partido garantiu ainda que esta mobilização se fará também sentir no próximo dia 14, na greve geral, e nas concentrações marcadas para os concelhos de Aveiro, Feira, Ovar e São João da Madeira.
Consiente do papel que cabe ao Partido nesta «luta desigual» que os trabalhadores e o povo português travam, Mafalda Guerreiro chamou a atenção para a importância acrescida que assume hoje o reforço do Partido. Neste objectivo de reforçar a organização partidária o recrutamento tem um papel destacado, salientou a dirigente regional do Partido, valorizando os 48 novos militantes comunistas do distrito.
Interveio ainda Diogo Frazão, da JCP, e actuou o grupo Contracorrente - Fábrica Teatral, que brindou os participantes com música e poesia de Bertold Brecht, José Afonso e Ary dos Santos.