- Nº 2044 (2013/01/31)
TMA apresenta programação

Qualidade de excelência

Nacional

Vinte e três peças de teatro, oito das quais produções próprias, e 15 de acolhimento, integram a temporada 2013 da Companhia de Teatro de Almada (CTA).

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Segundo Rodrigo Francisco, director da CTA, esta é uma programação «de continuidade, já que ainda foi desenhada por Joaquim Benite», director do Teatro até 5 de Dezembro de 2012, dia em que morreu, aos 69 anos. «Um trabalho que Joaquim Benite deixou preparado com antecedência, já que tinha consciência da sua finitude e nunca sofreu de angústia de imortalidade», afirmou, na passada semana, em declarações à Lusa.

Além das 23 peças de teatro, a programação de 2013 do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), sede da companhia, conta ainda com sete espectáculos de dança, dezoito de música e quatro de artes plásticas, aos quais se somam mais nove peças de teatro e dois espectáculos de dança, no âmbito do ciclo de apoio a novos artistas.

Face à temporada de 2012, e no cômputo geral, a CTA apresenta este ano mais 13 peças: 12 de teatro – oito das quais de acolhimento –, e uma de dança, enquanto as iniciativas ao nível da música e das artes plásticas mantêm os valores do ano passado: 18 e quatro, respectivamente.

Questionado sobre qual o orçamento para esta temporada, Rodrigo Francisco disse ser impossível quantificar.

«A programação é anunciada antes do resultado dos concursos de apoio às artes da Direcção-Geral das Artes, previsto para Fevereiro», explicou, frisando que «mesmo que venhamos a receber o tecto máximo fixado para este ano, 400 mil euros, já significava uma diminuição de 25 mil euros em relação ao que nos foi atribuído o ano passado, quando sofremos cortes de 38 por cento face ao inicialmente contratualizado com o Ministério da Cultura».

«Manter a qualidade do repertório a que se habituou o público da companhia, aumentando as parcerias, numa época de crise, à semelhança do que já acontecera em 2012» constitui, segundo o novo director da Companhia, a forma de continuar o trabalho de Joaquim Benite.

«Tal como ele gostaria que acontecesse», acrescentou Rodrigo Francisco, retomando a frase final da nota introdutória da programação de 2013, na qual alude a Joaquim Benite, afirmando que «não se pode substituir o insubstituível».


Estreias e regressos

As peças «Os gatos», «Negócio fechado» e «O pelicano» estão entre as estreias da Companhia de Teatro de Almada (CTA), para a temporada de 2013. A primeira peça, baseada numa obra de T. S. Elliot, é encenada por Teresa Gafeira, e estreia-se em Fevereiro; a segunda, de David Mamet, é encenada por Rodrigo Francisco e subirá ao palco em Março. A terceira, de August Strindberg, dirigida por Rogério de Carvalho, será levada à cena em Setembro.

Além destas estreias, a Companhia, com sede em Almada desde 1978, apresentará ainda, entre 25 e 28 de Abril, «Um dia os réus serão vocês: o julgamento de Álvaro Cunhal».

Com dramaturgia de Rodrigo Francisco, segundo uma ideia original de Joaquim Benite, trata-se de um espectáculo baseado na defesa que o líder histórico PCP elaborou e aplicou quando, entre 2 e 9 de Maio de 1950, foi julgado em Portugal, e que é levado à cena no ano em que se assinala o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal.

Das estreias consta ainda a peça «Em direcção aos céus», de Ödon von Horváth, também encenada pelo novo director da companhia de Almada, que subirá ao palco em Novembro, assim como «Dias Felizes», de Samuel Beckett, encenada por Nuno Carinhas, em colaboração com o Teatro Nacional de São João (TNSJ), Porto, uma produção de acolhimento a apresentar em Dezembro.

«A purga do bebé», de Georges Feydeau, em Maio, e «Falar verdade a mentir», de Almeida Garrett, em Outubro e Novembro, são as reposições que integram a temporada de 2013.

«Preocupo-me, logo existo», protagonizada por Diogo Infante; «Adalberto Silva Silva», de Jacinto Lucas Pires e Ivo Alexandre; «Conversa com homem-roupeiro», de Ian McEwan, uma instalação teatro de Rui Madeira e Alberto Péssimo, da Companhia de Teatro de Braga; «Gil Vicente na horta», a partir de «O velho na horta», do dramaturgo quinhentista, com versão cénica e encenação de João Mota, são algumas das 15 peças de acolhimento, entre as quais pontuam ainda produções dos Artistas Unidos, de Jorge Silva Melo, da companhia João Garcia Miguel (Yerma), ou de Primeiros Sintomas, com «Salomé», entre outras entidades.

«Vera Mantero, três solos»; «Fragile», pela Voarte; «A sagração da Primavera», dirigida por Olga Roriz, e «Muito chão», com coreografia de Benvindo Fonseca, que encerra a trilogia de comemoração dos 30 anos de carreira do bailarino, constam dos espectáculos de dança que vão subir ao palco das salas do Teatro Municipal Joaquim Benite.

Na área da música, cantores como Sara Tavares, UHF, Lula Pena e Janita Salomé, a Orquestra Gulbenkian, com dois concertos, a Companhia de Ópera do Castelo, com «Missão (im)possível», cuja direcção artística é de Catarina Molder, com obras de Mozart e Beethoven, a Orquestra Académica Metropolitana, com Wagner e Ravel, Rodrigo Costa Félix e a Orquestra de Câmara Portuguesa, com o concerto «Beethoven trocado por miúdos», constam também da programação.

Ao nível das artes plásticas, a temporada deste ano do Teatro Municipal de Almada contempla quatro exposições, que estarão patentes na galeria do teatro: «Uma cena de papéis», de Jorge Rodrigues, «Eclipse», de Paulo Brighenti, «Crepúsculo», de Inês A, e «Intimidade», de Susana Anágua e Sara Franqueira.


Homenagem a Joaquim Benite

Um documentário que acompanhou toda a montagem de «Timão de Atenas» e o lançamento de um livro sobre Joaquim Benite assinalam a homenagem que a Companhia de Teatro de Almada presta a Joaquim Benite, em Julho próximo.

Da autoria da jornalista Catarina Neves, o documentário abrirá a 30.ª edição do Festival de Teatro de Almada, no dia 4 de Julho, informou Rodrigo Francisco, sublinhando que, apesar da morte de Benite ter sido «previsível», acabou «por apanhar todos de surpresa» e sem tempo nem espaço para «o homenagear como merece».

«Sendo um trabalho que acompanhou a última peça encenada por Joaquim Benite, acaba por ser também o último registo documental e biográfico deste grande nome do teatro em Portugal», disse, em declarações à Lusa, o actual director da CTA, referindo-se ainda ao facto de a morte de Joaquim Benite ter ocorrido 15 dias antes da estreia de «Timão de Atenas», numa altura em que se encontrava a preparar as candidaturas de apoio às artes e a programação para 2013.

Durante a 30.ª edição do Festival de Teatro de Almada – a decorrer entre 4 e 18 de Julho, em várias cidades –, será ainda lançado um livro sobre o primeiro director da Companhia. «A obra é da autoria do crítico de teatro João Carneiro, que considero o melhor crítico de teatro actualmente em Portugal e a pessoa mais qualificada, já que é um homem informadíssimo, para falar sobre o trabalho do Joaquim», disse Rodrigo Francisco.