Despejos atingem recorde
As acções de despejo de habitações, lojas ou terrenos, motivadas na maioria por incumprimento de prestações, elevaram-se no ano passado em Espanha a 101 mil, número que representa um novo recorde desde 2008 quando rebentou a crise económica.
Dados das autoridades judiciais, divulgados dia 22, revelam que 91 600 acções foram decididas pelos tribunais em 2012, tendo sido executadas 75 605.
Desde 2008, já foram executadas 252 826 ordens de despejo. Entre as regiões mais afectadas, surge à cabeça a Catalunha, que representa 20,3 por cento dos despejos, seguida da Andaluzia com 19,6 por cento, Valência com 17,6 por cento e de Madrid, 10,1 por cento.
Face ao disparo do desemprego, centenas de milhares de famílias vêem-se impossibilitadas de pagar as hipotecas e são desapossadas das duas casas.
O flagelo está a provocar uma crescente vaga de indignação no país, tanto mais que a entrega da habitação não salda obrigatoriamente a hipoteca.
As plataformas de atingidos pelas hipotecas têm-se destacado na defesa dos direitos destes cidadãos. Exigem que o Parlamento aprove medidas a favor das famílias e não hesitam em enviar activistas para o terreno para impedir que a polícia concretize as expulsões.
De resto, depois de uma decisão do Tribunal Europeu de Justiça ter considerado que a legislação espanhola não protege os cidadãos de cláusulas abusivas nos contratos de hipoteca, o governo comprometeu-se a alterar as normas que regem a concessão de crédito à habitação.