Italianos exigem fim das políticas de austeridade

Cem mil contra Letta

Um mar de gente protestou, no sábado, 18, contra as políticas de austeridade, exigindo que o novo primeiro-ministro, Enrico Letta, promova a criação de emprego. 

Apenas 30% confiam no governo de Letta

A manifestação, que segundo o diário «La Repubblica» juntou cerca de 100 mil pessoas na praça Giovanni Paolo II, após um desfile que partiu da Praça da República, foi o primeiro protesto massivo desde que o novo executivo de coligação entrou em funções.

Convocados pela Federação de Empregados e Operários Metalúrgicos (FIOM), com o apoio de outros sindicatos e forças de esquerda, os manifestantes aplaudiram o líder sindical, Maurizio Landini, que apelou a uma mudança de políticas no sentido da criação de emprego e do investimento público de modo a arrancar o país da recessão económica.

Landini insistiu na necessidade de o novo governo abandonar a agenda da austeridade do anterior primeiro-ministro, Mário Monti, que fez cortes na despesa pública, aumentou os impostos e reduziu os direitos de reforma.

«Precisamos de começar de novo com mais investimento. Se não retomamos o investimento público e privado não haverá novos empregos», frisou o dirigente da federação dos metalúrgicos.

A forte participação no protesto traduziu a desconfiança da maioria dos italianos no novo governo formado pelo Partido Democrático, de Letta, e pelo Partido do Povo e da Liberdade, do antigo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi. Segundo recentes sondagens, o novo executivo recolhe pouco mais de 30 por cento de apoio popular.

Numa tentativa de quebrar o gelo que o separa do eleitorado, uma das primeiras medidas do novo executivo, aprovada dia 17, foi a suspensão temporária do contestado imposto sobre a habitação.

Letta não só prometeu rever a lei até ao final de Agosto, como anunciou a alocação de mil milhões de euros para refinanciar o fundo público de apoio aos trabalhadores temporários. Esta verba virá, entre outros, de fundos comunitários e de cortes nas despesas dos ministérios.

Poucos, porém, acreditam que o governo perdure e muito menos que tome as medidas que o povo exige. A Itália está mergulhada na pior recessão de sempre e a taxa de desemprego continua a aumentar, atingindo os 38 por cento entre os jovens.



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