Defender a Siderurgia Nacional
O PCP repudia a ameaça da administração da Siderurgia Nacional de deslocalizar a produção para Espanha e exige que o Governo tome medidas para defender a empresa.
Não é destruindo que se fomenta a indústria
O Partido reagiu no final da semana passada, através de um comunicado da Comissão Concelhia do Seixal, à ameaça do grupo espanhol Megasa de encerrar as unidades do Seixal e da Maia da Siderurgia Nacional, alegando os elevados custos da energia. O PCP, que «repudia firmemente» esta intenção, salienta que a ir por diante este encerramento, cerca de 750 trabalhadores irão directamente para o desemprego, somando-se-lhes muitos outros que, não laborando na SN, dela dependem de forma indirecta.
Pelo desastroso impacto que tal decisão teria na economia nacional e no aumento do desemprego, o PCP exige que o Governo «tome medidas urgentes no sentido de travar o eventual encerramento» da Siderurgia Nacional. Acusando o Governo de proteger os interesses ligados ao sector energético, favorecendo assim o encerramento de milhares de empresas de menor dimensão, o PCP reafirma neste comunicado que o «crescimento económico exige que sectores fundamentais, como a energia e outros sectores estratégicos, estejam ao serviço do desenvolvimento da economia e não, como sucede, do lucro e dos interesses do capital. Também o Sindicato das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE SUL/CGTP-IN) exige do Governo a baixa do preço da energia e uma célere intervenção para garantir a continuidade dos postos de trabalho.
Reindustrializar
A reindustrialização do País, bandeira antiga dos comunistas, regressou recentemente ao discurso político dos partidos responsáveis pela privatização, segmentação e destruição, a partir do início dos anos 90, de algumas das maiores e mais importantes empresas industriais portuguesas: PS, PSD e CDS. O ministro da Economia e outros membros do Governo têm agitado esta bandeira repetidas vezes, ao mesmo tempo que o Governo a que pertencem permite e favorece, com a sua prática política, a fragilização e encerramento de empresas industriais, de que são exemplos recentes os Estaleiros do Mondego, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e, ao que tudo indica, a Siderurgia Nacional.
Já o PCP defende há muito, e de forma coerente, a adopção de um plano para a reindustrialização do País. Em Janeiro deste ano apresentou um projecto com este objectivo, que considerava «absolutamente vital e único para a dinamização, renovação e defesa da indústria transformadora nacional» o protagonismo do Estado: quer enquanto «definidor e orientador das linhas mestras de uma autêntica política industrial», quer enquanto «gestor de fundos públicos de apoio à indústria», quer ainda enquanto «titular e gestor de activos estratégicos na esfera produtiva».
Entre os sectores industriais a desenvolver, o PCP defende a siderurgia, «com vista ao retorno à siderurgia integrada, com ampliação de capacidade e sobretudo alargamento da gama de produtos fabricados»; as metalurgias associadas à valorização das enormes reservas de metais básicos existentes no País, designadamente o cobre; as indústrias metalomecânicas, eletromecânicas, eléctricas, electrónicas e outras; a química pesada e a construção e reparação naval. As indústrias de alta tecnologia e o fomento da investigação são outras áreas definidas pelo PCP como prioritárias.