A célula de empresa
A orientação do trabalho partidário no sentido da classe operária foi outro dos contributos decisivos do pensamento de Álvaro Cunhal, inserido no trabalho colectivo da direcção do PCP, no qual se integrou e do qual era um acérrimo defensor. No informe sobre «Organização» que apresentou ao IV Congresso do Partido, realizado em 1946, Álvaro Cunhal defendia a célula de empresa como a «forma mais adequada de organização do Partido do proletariado» em detrimento do que tinha sido prática corrente anos antes, de centrar a organização nas «células de rua», que Álvaro Cunhal considerava, nas condições de então, como sendo uma solução organizativa «totalmente estranha às massas».
Aquela orientação, que vinha sendo implementada desde a reorganização de 1940/41, levou a um grande desenvolvimento das células do Partido em diversas empresas e, consequentemente, a uma maior ligação do Partido às massas e ao seu sentir. Nesse informe, o então membro do Secretariado (que apresentou igualmente o informe político) adiantava as medidas necessárias para uma correcta actividade das células de empresa: organizar o trabalho e manter uma actividade regular; conduzir um trabalho de massas; intensificar o recrutamento.
A prioridade dada pelo Partido ao trabalho das células de empresa era de tal ordem que na segunda metade dos anos 40 foi editada uma brochura especificamente dedicada ao papel, organização, funcionamento e actividade destas organizações de base, intitulada precisamente «A Célula de Empresa». Dada a sua actualidade, foi reeditada em 2003, numa versão revista e adaptada às novas realidades.
A última reunião do Comité Central, realizada no início de Maio, reafirmou o reforço da organização e intervenção nas empresas e locais de trabalho como «questão central e primeira prioridade do trabalho do Partido ao longo deste ano».