Lisboa

Vitória da luta

Nas empresas e locais de trabalho existe força para resistir e derrotar a ofensiva

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Um triunfo dos trabalhadores e das suas organizações de classe e uma expressiva demonstração do repúdio generalizado à imposição pelo Governo de mais exploração, empobrecimento e degradação das condições de vida. A inequívoca afirmação de que, nas empresas e locais do trabalho, nos sectores público e privado, não faltam ânimo e coesão para resistir e vencer na batalha pela demissão do executivo PSD/CDS e pela conquista de uma política que sirva os interesses de quem cria riqueza, objectivos expressos da greve geral que sobressaíram com ênfase no distrito de Lisboa.

Desde logo porque a quarta paralisação convocada pela CGTP-IN (à qual aderiu posteriormente a UGT) em dois anos de Governo Passos/Portas, deu sequência a uma série de intensas jornadas de protesto e reivindicação. Combates travados num contexto em que o nível de resposta à ofensiva exigiu redobrados esforços – novo ciclo de convocação de centenas de plenários, de concretização de milhares de contactos junto das empresas e locais de trabalho e distribuição de milhares de documentos e outros materiais de propaganda que esclareceram e mobilizaram – para contrastar a propaganda das inevitabilidades e dos privilégios adquiridos (não raramente feita de mentiras e deturpações), o medo e intimidação com que o capital e o seu governo procuram desarmar os trabalhadores na luta de classes e impor retrocessos sociais e económicos.

Tal foi evidente no sector dos transportes, que coroou meses e meses de lutas com níveis retumbantes de adesão à greve geral. No Aeroporto de Lisboa, cerca de 80 por cento dois mil trabalhadores da privada SPDH cumpriram a paralisação, o que foi seguido por outros sectores laborais da infra-estrutura provocando constrangimentos operacionais que se prolongam nos dias seguintes. Na Portela, nem os trabalhadores dos bares e refeitórios explorados pela privada Unitrato faltaram à chamada (85 por cento de adesão).

Unidade dos trabalhadores verificou-se, também, no Metro de Lisboa, nas linhas suburbanas de Sintra, Azambuja e Cascais da CP, na CP Carga e na Refer, cujos serviços estiveram paralisados; na Transtejo e Soflusa e entre os controladores, pilotos e trabalhadores de terra do Porto de Lisboa, cuja massiva resposta teve como consequência a interrupção do tráfego fluvial e marítimo.

Nas estações da Carris de Cabo Ruivo (93 por cento), Pontinha (60 por cento), Miraflores (47 por cento), Santo Amaro (95 por cento) e Musgueira (55 por cento), muitos menos foram os autocarros e eléctricos que saíram face à última greve, pesem as pressões patronais e as ilegalidades (violação das escalas dos serviços mínimos) denunciadas pelos trabalhadores, que tiveram nos piquetes de greve aliados de confiança quando se tratou de decidir a posição a assumir.

Na Vimeca/Lisboa Transportes, a paralisação foi consideravelmente mais fraca do que na Carris. Para o facto contribuiram, e muito, as barreiras colocadas ao piquete por parte das forças policiais, que montaram um dispositivo inédito e ilegal com baias de ferro que impediam a permanência do piquete à porta da empresa e o diálogo sereno e esclarecido com os trabalhadores, debaixo da vigilância de já conhecidos diligentes serventes do patrão.

 

Defender direitos e os serviços públicos

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  Escolas e estabelecimentos de ensino encerraram ou funcionaram a muitíssimo custo em todo o distrito, tal como refeitórios e cantinas escolares e de serviços centrais (100 na Presidência do Conselho de Ministros e na Escola de Hotelaria do Estoril).

No Hospital de São José, às primeiras horas da madrugada a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros, Isabel Barbosa, notava que a greve entre aqueles profissionais superava os 90 por cento. Cenário que prosseguiu ao longo de todo o dia em muitas unidades hospitalares do distrito, onde outros profissionais clínicos, auxiliares e funcionários administrativos (95 por cento, em média) adoptaram semelhante conduta. Centros e unidades de saúde na cidade de Lisboa e nos concelhos suburbanos ou estiveram encerrados ou mostraram graves carências de pessoal.

Serviços públicos como repartições de finanças, segurança social, centros de emprego e formação, tribunais, juntas de freguesia, câmaras municipais e equipamentos culturais, sociais, desportivos, e oficinas locais (100 por cento em Oeiras e em Vila Franca de Xira, 89 por cento na CML, por exemplo), ou mantiveram-se encerrados ou evidenciaram graves lacunas no seu regular funcionamento. Em todo o distrito, não foi efectuada recolha de resíduos sólidos urbanos.

No centro de triagem dos CTT em Cabo Ruivo e em geral na distribuição postal, a greve geral realizada faz hoje uma semana foi um sucesso, o mesmo acontecendo na EPAL (Em Vila Franca de Xira e Amadora foi de 100 por cento, nos Olivais e Vale da Pedra, a adesão foi de 86 e 75 por cento, por exemplo), e na EDP, com 100 por cento de adesão em vários serviços de distribuição e emergência.

Na Lusa, a participação dos trabalhadores da agência na jornada foi esmagadora, e na Imprensa Nacional Casa da Moeda a adesão foi de 98 por cento.

 

Foi mesmo geral

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A densa campanha de desvalorização da greve geral, nomeadamente classificando-a como uma greve dos transportes e da administração pública, foi contrariada no terreno pelos trabalhadores. Serve disso mesmo exemplo o ocorrido em empresas instaladas no distrito, cuja produção e actividade foram interrompidas ou fortemente afectadas, casos da Saint-Gobain (cerca de 100 por cento), Centralcer (cerca de 90 por cento), ValorSul (cerca de 90 por cento), Cerâmica Torreense (72 por cento), Exide (90 por cento), Abrigada (93 por cento), Impormol (97 por cento), STEF (100 por cento), Cobert Telhas (75 por cento), Dyrup (80 por cento), Veolia Águas de Mafra (80 por cento), Minipreço de Chelas (97 por cento), Tempo Team (70 por cento) ou Kraft (25 por cento no turno da noite, 97 e 70 por cento nos turnos da manhã e da tarde, mas a linha de produção esteve sempre parada), Diviril (59 por cento).

 



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