Muitos pensarão que os matraquilhos são apenas um popular e velho jogo, presença clássica em colectividades, tabernas e cafés. Sem deixar de o ser – capaz de proporcionar momentos de puro lazer –, é hoje muito mais do que isso e conquistou o seu lugar como modalidade desportiva que ganha adeptos e se expande.
Na Atalaia, onde foi constante o rodopio à volta das mesas de matraquilhos – sendo frequente os tempos de espera para arranjar vez –, tivemos o testemunho vivo dessa afirmação da modalidade através da presença de dois campeões do mundo em juniores. São eles o Filipe Parreira, 16 anos, de Pinhal de Frades (Seixal) e o Reinaldo Pereira, 15 anos, de Vale Fetal, Charneca da Caparica (Almada), que conquistaram em Janeiro deste ano em Nantes, França, a medalha de ouro partilhada por dois outros jovens integrantes igualmente da selecção nacional de juniores.
A sua chegada à modalidade começou, como acontece com tantos outros, por ser uma brincadeira com os pais, eles próprios praticantes, cedo ganhando a paixão e o gosto por jogar. Treinam duas horas diárias e não escondem a perspectiva de virem a ser profissionais daqui por meia dúzia de anos. Ter «bom meio campo», saber «executar na frente» e ter «um bom guarda-redes», asseguram-nos, é a condição para se ser um bom jogador. O segredo está ainda, revelam, em «começar novo, obter a técnica, treinar muito, e nunca desistir».
À pergunta quanto a saber se os estudos não saem prejudicados, garantem ambos que não e que a «chave está em saber gerir o tempo». Assim conciliam as suas obrigações escolares com a paixão pelos matraquilhos, cuja presença na Festa é por si vista como uma «coisa boa», pois ajuda também a divulgar a modalidade. Além de gostarem da Festa também pela «música, pelo ambiente e pelo convívio».