Na definição dos locais de realização dos debates, foi valorizado o tema da luta de massas, como motor da transformação social, que ocupou o anfiteatro do Fórum, no sábado à noite, enquanto o pacto de agressão e a ofensiva contra direitos, liberdades e garantias e o ataque às funções sociais do Estado foram abordados no Auditório, na sexta-feira à noite e no domingo à tarde. Mas a valorização da resposta à ofensiva do capital foi manifestada em todos estes encontros entre um público que se mostrou conhecedor empenhado e alguns dirigentes e deputados comunistas com intervenção mais específica nas áreas em discussão.
André Martelo, da JCP, notou que, «para nos retirarem direitos, têm que nos retirar democracia» nas escolas e nas empresas. Odete Santos destacou o direito a resistir, inscrito na Constituição, enquanto António Modesto Navarro salientou que está na legalidade quem defende os direitos, mas não o Governo que os ataca. Rui Fernandes reafirmou a importância fundamental da Constituição para a luta dos trabalhadores e do povo.
Francisco Lopes, da Comissão Política e do Secretariado do CC do Partido, recordou a «farronca» com que, há um ano, o Governo lançava o golpe da TSU, que teve pronta resposta, como se viu na manifestação que encheu o Terreiro do Paço. Hoje o Governo «está isolado politicamente».
À frente da luta de massas, a dar ânimo e perspectiva, estão a classe operária e os trabalhadores, destacou Paulo Raimundo, da Comissão Política, frisando que, se a ofensiva tem sido muito grande e persistente, também a resposta tem sido intensa e não pode ser desvalorizada.
A resistência, com sucesso, à redução do pagamento do trabalho suplementar, permitida com a revisão do Código do Trabalho, foi um dos exemplos que o deputado Jorge Machado apontou, ao salientar que o palco principal da luta é a empresa e a rua.
Sofia Lisboa, dirigente da JCP, realçou que, apesar dos fortes obstáculos, tem havido lutas de estudantes e têm obtido resultados, apontando a necessidade de «pegar nas razões concretas, para ver a razão que está por trás disto tudo».
Armando Farias, dirigente da CGTP-IN, observou que a luta é determinante para dar força ao Partido e aos próprios trabalhadores, contribuindo para que estes ganhem consciência e para alargar o apoio na população. Para o prosseguimento do combate pela substituição do Governo e por uma política alternativa, enunciou as decisões mais recentes da central, prevendo plenários durante o corrente mês, uma grande acção a 1 de Outubro, uma «luta em força» a 5 de Outubro, pela reposição dos feriados roubado e do valor do trabalho suplementar, e uma grande acção nacional, no dia 19 de Outubro.
Paulo Costa, dirigente da JCP, Fernanda Mateus e João Dias Coelho, membros da Comissão Política do CC, intervieram no debate sobre a ofensiva contra as funções sociais do Estado. Foi aí assinalado que o «Estado social», de que tão frequentemente se fala, é uma formulação que serve para esconder que o Estado capitalista é usado para aumentar a exploração dos trabalhadores. Por força da luta destes, o capital e o seu Estado foram obrigados a conceder direitos sociais, que, em Portugal, ficaram consagrados na Constituição por força da revolução de 25 de Abril de 1974.