Drones continuam a matar

Pelo menos 22 pessoas morreram nos últimos dias em consequência de cinco bombardeamentos efectuados no Afeganistão por aviões não-tripulados norte-americanos. O último destes ataques foi realizado segunda-feira, 21, e vitimou quatro civis afegãos na província de Kunar.

Estes atentados ocorreram dias depois do relator especial da ONU sobre a luta antiterrorista ter divulgado uma versão preliminar do seu relatório, no qual afirma que o total de vítimas civis dos bombardeamentos com aquelas aeronaves supera em muito o número admitido por Washington.

Para Ben Emmerson, está confirmada a morte de 400 civis no Paquistão em resultado deste tipo de operações, permanecendo, no seu entender, algumas dúvidas sobre se outros 200 assassinados confirmados eram ou não combates talibãns. No Iémene, afirmou o responsável, o total de vítimas ascende a 58, de acordo com os seus cálculos.

Emmerson acusa ainda o governo dos EUA de impor obstáculos permanentes ao escrutínio deste tipo de operações e de justificar a retenção dos dados com considerações inaceitáveis sobre segurança nacional. Mas os números avançados no documento que elaborou pecam por defeito.

Já esta semana, antecedendo o encontro na Casa Branca entre o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, e o presidente dos EUA, Barack Obama, a Amnistia Internacional caucionou os dados apurados pelo Gabinete de Jornalismo Investigativo, segundo o qual, desde 2004, os cerca de 400 bombardeamentos com drones levados a cabo nos distritos do Paquistão que fazem fronteira com o Afeganistão causaram entre 2500 e 3600 mortes.

As mesmas cifras serviram de referência à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, quando, em Agosto deste ano, numa reunião do Conselho de Segurança, condenou os EUA e Israel pelos ataques realizados no Paquistão e Iémene, sobretudo, mas também no Afeganistão e na Somália.

Entretanto, o Washington Post noticiou que a Agência Nacional de Segurança e a CIA colaboram estreitamente no lançamento deste ataques ilegais com aviões não-tripulados, nomeadamente usando os também ilegais programas de espionagem das comunicações globais para precisarem os alvos.

A conclusão do Post baseia-se no conteúdo de documentos divulgados por Edward Snowden, embora o jornal refira que não detalhou mais pormenores sobre o envolvimento dos serviços secretos nos bombardeamentos porque entendeu aceder a solicitações de funcionários da inteligência de Washington.




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