Avança mobilização na Administração Pública

Greve nacional dia 8

Com mais de um milhão de trabalhadores e pensionistas ameaçado de novos cortes nos rendimentos, a greve de 8 de Novembro, convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, ganha crescente apoio.

O Governo tem que sentir que as pessoas não o aceitam mais

Os trabalhadores «têm que se mobilizar, lutar pela estabilidade de emprego, lutar por aquilo que é seu e pelo seu emprego» porque «é necessário que este Governo sinta que as pessoas já não o querem lá» – apelou a coordenadora da Frente Comum, no dia 22, à saída da primeira reunião com o secretário de Estado da Administração Pública, que teoricamente seria para discutir a proposta de Orçamento do Estado que o Governo enviou à Assembleia da República.
Ana Avoila esclareceu que Hélder Rosalino apenas admitiu falar sobre «coisinhas que não são as questões centrais», quando aos representantes sindicais interessava discutir «os roubos dos salários e das aposentações, a sobrevivência, o aumento do horário de trabalho, as questões da ADSE e a carga brutal de impostos».
Daí o apelo reforçado à mobilização para a greve, convocada para 8 de Novembro pela Frente Comum, a que entretanto já se juntaram organizações sindicais que não integram aquela estrutura.
Esse apelo está a ser multiplicado por todos os sectores, num esforço de informação e organização que envolve as três dezenas de sindicatos que constituem a Frente Comum, na produção e distribuição de documentos, na realização de plenários, reuniões e contactos, na preparação de piquetes de greves.

Quem perde 

Cerca de 90 por cento dos funcionários públicos e trabalhadores das empresas públicas vão sofrer cortes salariais entre 2,5 por cento, para os salários de 600 euros, e 12 por cento, para trabalhadores com salários superiores a dois mil euros. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local concluiu que, com estes cortes, é particularmente penalizado quem aufere salários entre 600 e 1500 euros (um leque que abarca cerca de 40 por cento dos trabalhadores do Estado, os mesmos que têm os salários congelados desde 2011).
Pelas contas do STAL, se este OE for aprovado e executado, resultará que, entre 2011 e 2014, o Estado irá arrecadar anualmente mais dois mil milhões de euros de IRS, ao mesmo tempo que cobrará menos 745 milhões de euros de IRC. Em 2011, o IRS (pago pelos trabalhadores portugueses) representava quase o dobro do IRC (pago pelas empresas), mas em 2014 essa relação passa para quase o triplo.
O quadro dos cortes nas remunerações surge em vários documentos. O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas nota que se vai manter a sobretaxa de IRS de 3,5 por cento e que o valor por hora do trabalho extraordinário e em dia feriado sofre uma dupla desvalorização, porque os salários baixam e porque baixam as percentagens de compensação.
O aumento da semana de trabalho para 40 horas «não é mais senão o roubo adicional de 14 por cento nos nossos salários».
O sindicato sublinha que não há trabalhadores a mais e, em vez de despedimentos, defende a integração de milhares de funcionários com vínculos precários, pois «se estão nos serviços, é porque fazem falta».




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