Insubmissos

Aurélio Santos

Insubmisso foi esse jovem que há mais de oito séculos empunhou as armas e fez de um banal condado um país – Portugal.

Insubmissa foi Brites de Almeida, a lendária padeira de Aljubarrota que escorraçou o invasor à pazada.

Insubmissos foram os «40 Conjurados» que em 1640 devolveram a independência e soberania ao País e defenestraram o traidor Miguel de Vasconcelos.

Insubmissos foram os homens que em 1822 combatendo o absolutismo impuseram a lei fundamental do País, a primeira Constituição Portuguesa.

Insubmissos foram aqueles que em 1910 depuseram uma monarquia decadente e paralisante e implantaram a 2.ª República da Europa.

Insubmissos foram os capitães que em 1974 derrubaram o hediondo regime fascista e transformaram este país num país mais igual, mais solidário, mais fraterno.

Insubmissos foi o princípio do escritor poeta (Urbano Tavares Rodrigues) que saudosamente nos deixou e dizia não suportar a arrogância do poder.

Vivem-se tempos de arrogância. Arrogância do Presidente da República que, quando ouve e vê um país inteiro reclamar a queda do Governo, assobia para o lado, finge que não sabe e finge que não vê.

Arrogância do primeiro-ministro que sabe que há cada vez mais fome e miséria em Portugal e a ela responde: «tomem lá mais austeridade para não serem piegas».

Arrogância do vice primeiro-ministro que diz que não perde tempo a ver manifestações, ou seja o país real.

Na Grécia a arrogância do ex-ministro da Defesa envolvido na compra dos submarinos saldou-se por 20 anos de cadeia. Esperemos que a Justiça funcione em Portugal, cumpra a sua função e não se quede pela condenação dos vulgarmente conhecidos por pilha galinhas.

Temos orgulho naquilo que fomos e para que amanhã não tenhamos de ter vergonha pelo que hoje somos:

Insubmissos têm que ser todos os patriotas que não se conformam em ver este país subjugado e humilhado. Insubmissos têm de ser todos os humanistas que não suportam ver 27% da população na miséria vivendo da «caridadezinha».

Insubmissos temos que ser todos, porque já dizia Lénine: quando os de cima já não podem e os de baixo já não querem… a ruptura acontece.




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