A face oculta da UE
Num período de profunda crise económica e social, o Conselho Europeu, de 19 e 20, decidiu reforçar as capacidades militares da União Europeia, confirmando-a como o pilar europeu da NATO.
As potências europeias apostam no belicismo
No dia em que os líderes dos países da UE acordavam em Bruxelas aumentar o financiamento de operações e missões militares e promover o desenvolvimento de novos sistemas de armamento, os dois deputados do PCP no Parlamento Europeu, Inês Zuber e João Ferreira, promoviam, em Lisboa, uma audição sobre «A política externa e militarização da UE».
Como salientou João Ferreira, numa declaração à imprensa, «o aprofundamento dos pilares neoliberal e federalista é acompanhado de um salto qualitativo importante no pilar do militarismo».
Esta parte das conclusões do Conselho Europeu, notou o deputado, «tem sido convenientemente resguardada do debate mediático. Compreende-se que assim seja, pois é revelador que num quadro de profunda crise social o Conselho Europeu venha adoptar medidas que apontam para aumentos dos gastos militares».
Dias antes, no Parlamento Europeu, Inês Zuber já tinha salientado que «os limites e contradições do sistema e da própria UE» se traduzem numa crescente «militarização das relações internacionais, na divisão internacional de zonas de influência, na instrumentalização da ONU, na promoção da guerra, da ocupação e do neocolonialismo, com o objectivo principal de controlar o acesso e garantir o domínio de recursos naturais cada vez mais escassos, particularmente energéticos, mercados e vias estratégicas».
Segundo João Ferreira, as conclusões da cimeira vieram confirmar que, ao mesmo tempo que se ignoram os gravíssimos flagelos sociais, as potências europeias insistem na «política de cortes de direitos sociais, de baixa de salários, de expropriação da soberania dos estados, de desregulação laboral, de privatização de empresas e serviços públicos, de uma ainda maior concentração de capital, bem visível nas medidas de transferência da carga fiscal do capital para os trabalho».
Não há portanto nada de novo: «As políticas e orientações presentes nas conclusões do Conselho Europeu, que são as mesmas na sua essência e natureza das que até agora foram implementadas, não só não resolvem nenhum problema como irão aprofundar assimetrias de desenvolvimento e a já de si insustentável crise social».
O deputado sublinha que estamos perante «uma fuga em frente, ditada pelos interesses do grande capital europeu e das grandes potências».