- Nº 2097 (2014/02/6)

FIAT abandona Itália

Europa

Ao anunciar, dia 29, o nascimento da Fiat Chrysler Automobiles, o chefe executivo da Fiat, Sergio Marchionne, confirmou igualmente a saída da sede social e fiscal da Itália para a Holanda e Reino Unido, respectivamente, bem como a passagem da cotação das acções de Milão para a bolsa de Wall Street.

No início de Janeiro, o histórico construtor automóvel italiano concluiu a compra da Chrysler por 4,35 mil milhões de dólares, tornando-se no sétimo maior grupo mundial do ramo. Desde 2009 que a Fiat detinha 20 por cento da marca norte-americana, tendo assumido a sua gestão depois do fracasso da fusão com a alemã Daimler.

Já falida, a Chrysler recebeu ajudas estatais no montante de nove mil milhões de dólares, e a Fiat aproveitou para aumentar a sua participação no capital do grupo. Consumada a fusão, a marca de Turim não hesitou em trocar de pátria, em busca de maiores benefícios fiscais.

A Itália ficou chocada, mas o primeiro-ministro, Enrico Letta, tentou desvalorizar o assunto, considerando que o local da sede da nova empresa é «absolutamente secundário». «O que importa são os postos de trabalho, o número de automóveis vendidos, a competitividade».

O problema é que, para além da fuga fiscal, a Fiat queixa-se da quebra de vendas em Itália e no mercado europeu em geral, e lança o olhar para outros continentes que lhe garantem lucros maiores.

De resto, a FIAT não é o único exemplo a confirmar que o capital não tem pátria. A sueca Volvo já é chinesa, a Peugeot para lá caminha e a norte-americana Motorola é, desde o início de Janeiro, propriedade da Lenovo… chinesa é claro. Quanto ao mais, o próprio presidente da Fiat, sendo neto de Gianni Agnelli, o fundador da marca, nasceu em Nova Iorque e chama-se John Elkann.