Golpe de estado em banho-maria
Gisella Rubilar Figueroa é uma das mais recentes vítimas provocadas pela extrema-direita que nunca deixou de acariciar a ideia de um golpe desde que Hugo Chávez venceu as eleições de 1998. Dezoito derrotas em dezanove processos eleitorais não são suficientes para que as forças negras do fascismo, ao serviço do imperialismo de Washington e da mais rançosa burguesia venezuelana, se convençam de que este não é o seu tempo.
Por que mataram Rubilar Figueroa nesta orgia de violência e morte? O «crime» desta chilena bolivariana foi ajudar a retirar uma guarimba (barricada) abandonada que estava perto da sua casa. De repente, apareceu um grupo de encapuçados e disparou sobre ela e duas pessoas mais que a ajudavam. Os três foram atingidos e ela, depois de 24 horas de agonia, faleceu.
Esta nova tentativa de golpe está derrotada, mas não será a última. Entretanto, já lá vão mais de 20 mortos e esse, junto com a destruição de instalações públicas e propriedade privada, é o saldo de que se podem orgulhar os grupos minúsculos apostados no derrube do governo de Maduro.
Será realmente que os estudantes e a mal chamada «sociedade civil» protestam por causa da insegurança e escassez de alguns bens? Nada disso. Sem negar que existem esses e outros problemas, o que aparece claro é que está em desenvolvimento um conjunto de ações criminosas ao estilo Líbia. Ou seja, cheira a petróleo! No começo destas quase quatro semanas de terror fascista – que ao contrário do que querem fazer ver os media não ocorre em todo o país, mas só em poucos municípios – o seu chefe mais visível, o fascistoide Leopoldo López, disse-o claramente. Quando perguntado até quando iriam durar as guarimbas, respondeu que «até se irem embora os que nos governam». Golpe de estado à vista!
A 18 de Fevereiro López decidiu entregar-se às autoridades (estava solicitado pela sua participação da tentativa de golpe lento) não para assumir as suas responsabilidades mas porque foi convencido pelo governo bolivariano de que a sua própria gente se preparava para o liquidar como forma de agudizar crise política. Hoje está a salvo... na prisão!
Fascismo com rosto descoberto
Venezuela é hoje o centro das atenções do império norte-americano. Não se tem impunemente as maiores reservas mundiais de petróleo sem se ajoelhar aos pés de Washington. Caracas teve o atrevimento de se pôr de pé e isso tem um preço muito alto que é preciso pagar. Esta nova tentativa imperialista de devolver o país ao «quintal das traseiras» não vai funcionar. A intenção de incendiar o país de uma ponta à outra está destinada ao fracasso. Em Caracas, por exemplo, os alcaides dos municípios de classe média onde estão as guarimbas sabem-no perfeitamente e já as criticaram publicamente ainda que nada façam para as deter e até protegem os guarimberos. Capriles, ex-candidato presidencial, agora enfrentando López pela liderança da oposição fascistoide, já o disse também. Eduardo Fernández, um dos líderes históricos da democracia-cristã, foi ainda mais longe: «O governo não está a cair, nem convém que esteja a cair e muito menos que caia (...) Imaginem eleições num mês se Maduro renuncia. Tenho a impressão de que na oposição há perto de 17 candidatos...». Ainda que frontalmente oposto à revolução bolivariana, caiu-lhe o «Carmo e a Trindade» em cima!
É que a intolerância é o valor (?) que predomina no seio de uma oposição envenenada e imbecilizada pelos media. Recentemente, na sua fúria enlouquecida, arremeteram contra a imprensa da direita e os fotógrafos das agências de notícias internacionais, que cobriam com simpatia as suas acções fascistas. Tratados sempre como heróicos «estudantes venezuelanos» que protestam «contra a censura e pela liberdade», passaram a ser «manifestantes (que) agridem jornalistas» (El Nacional) e autores de «alegadas agressões a jornalista nacionais e internacionais» (CNN). Dagne Logo (2001) denunciou por twitter que agrediram o seu colega Cristian Hernandez com uma barra de metal na cabeça. «Se não tivesse capacete, não sabemos o que se teria passado...». Quando estava a ser agredida pela brigadas fascistas disse a um dos energúmenos tratando de deter o assalto: «Eh, pá, temos aqui três semanas convosco» e a resposta foi: «azar, entrega a câmara». Os repórteres da EFE, AP e Reuters, entre outros, ao verem a atitude agressiva dos guarimberos, decidiram retirar-se do local como lhes foi possível... É o fascismo com o rosto descoberto!