Ferroviários irlandeses recusam mais cortes

Greve pelos salários

Os ferroviários irlandeses voltam à greve este fim-de-semana em protesto contra cortes salariais, depois de terem paralisado a circulação nos dias 24 e 25 de Agosto.

Dois sindicatos irlandeses recusam discurso dos sacrifícios

Após vários anos de congelamento salarial, os trabalhadores da Irish Rail cumpriram dois dias de greve, a 24 e 25 de Agosto, recusando os cortes orçamentais anunciados pela administração no montante de 17 milhões de euros nos próximos dois anos, que prevêem reduções salariais entre 1,7 e 6,1 por cento.

A greve, amplamente seguida nos caminhos-de-ferro e ligações rodoviárias, foi convocada pelos sindicatos NBRU (National Bus and Rail Union) e SIPTU (Services, Industrial, Professional and Technical Union).

Em 2008, estas duas organizações aceitaram o congelamento dos salários, que já se traduziu numa redução de, pelo menos, cinco por cento do poder de compra dos trabalhadores.

Agora, decidiram fazer frente à nova investida da administração, recusando novos sacrifícios alegadamente necessários para reduzir o défice de exploração da empresa.

A administração afirma que os salários constituem um peso demasiado elevado. Os sindicatos contrapõem com a queda acentuada das subvenções públicas que passaram de 108 milhões de euros em 2008 para 34 milhões em 2013.

O governo justifica-se com a difícil situação financeira do país, mas os trabalhadores estão lembrados de que a operação de salvamento da banca absorveu em 2008 cerca de 64 mil milhões de euros ao erário público, ou seja, perto de 30 por cento do Produto Interno Bruto.

Foi esse derrame de fundos públicos no sistema financeiro que fez galgar a dívida do país de 25 por cento do PIB para 125 por cento entre 2008 e 2014.

Seguiu-se a intervenção da troika (FMI,UE, BCE), que a troco de 85 mil milhões de euros impôs um duro programa de austeridade ao país, até então considerado o «tigre celta» da economia da Europa.

O salário mínimo foi reduzido em dez por cento, os funcionários públicos perderam 20 por cento do salário, o horário de trabalho passou de 35 horas para 37,5 horas semanais, foi aumentado o IVA e todo o tipo de impostos indirectos, os serviços públicos sofreram cortes orçamentais de 25 por cento.

Apenas o capital não teve qualquer agravamento: o imposto sobre os lucros das empresas permanece ainda hoje em 12,5 por cento, um dos mais baixos da Europa.

Greve até vencer

A greve nos dias 24 e 25 impediu de viajar mais de 160 mil passageiros. Provou que os trabalhadores estão unidos, tal como já tinham demonstrado ao aprovarem a acção por mais de 70 por cento dos votos.

Todavia, a administração não deu sinais de cedência. Pelo contrário reagiu com ironia altiva, afirmando estar pronta para negociações desde que estas conduzissem à redução dos salários.

Face a esta posição irredutível, os dois sindicatos mantêm para já duas novas jornadas de greve, no domingo e segunda-feira, dias 7 e 8, e a 21. Porém, estão dispostos a ir mais além.

Como declarou o secretário-geral do NBRU, Dermot O'Leary, após esta série de greves será feito um balanço a 23 deste mês. Mas salientou que os trabalhadores aprovaram uma greve ilimitada. «Se a empresa persistir nos cortes salariais, cumpriremos esse mandato».




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