- Nº 2128 (2014/09/11)
Jogos da malha

Tradição que perdura

Festa do Avante!

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A sua existência perde-se no tempo. Os seus praticantes são hoje maioritariamente pessoas mais velhas. Os mais jovens, esses, não abundam, mas enquanto houver jogadores, não importa a idade – e houver competições como os torneios da Festa do Avante –, há jogo.

É do jogo da malha que nos ocupamos (malha tradicional em terra batida, malha pequena e malha grande), esse extraordinário jogo de mão certeira e perícia, que exige precisão ocular e motora, muito praticado sobretudo em colectividades dos concelhos da Margem Sul e do Alentejo.

Veículos de promoção e divulgação da Festa, os seus torneios mobilizaram mais de 280 participantes ao longo de várias jornadas que se estenderem nestes últimos dois meses, com desfecho no passado fim-de-semana, na Atalaia.

A competição é forte e aguerrida, mas aquilo a que os seus praticantes dão maior valor é, sem dúvida, ao convívio que lhe está associado. Isso mesmo teve o repórter ensejo de testemunhar – e nesse sentido convergiram os depoimentos recolhidos. Como foi o caso de Maria da Cruz e de Maria Clara, vencedoras femininas do torneio da malha tradicional em terra batida, do Clube Recreativo da Cruz de Pau, colectividade que uma vez mais co-organizou com a Festa o torneio, com a irrepreensível competência e dedicação de que sempre deu mostras.

Para as duas atletas que praticam a malha desde 2002, integrando a respectiva secção do clube com outras seis mulheres, já com um recheado palmarés de títulos, embora «gostem de ganhar», não escondem que o seu «maior prazer» reside mesmo no convívio entre o grupo.

E só não treinam mais, lamentam ambas, é porque lhes «falta o tempo», consumido que é noutras tarefas familiares e profissionais.

Escassez de tempo, pelo contrário, não é propriamente o problema de António Tereso que, com António Pequeno, sob o emblema da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Pinhal de Frades, venceu o mesmo torneio em masculinos.

Admirador confesso do torneio da Festa, onde «corre tudo bem», ele, que pratica a malha há dez anos, afiança que se não fosse este torneio muito boa gente «ficaria em casa ao domingo». E assim sublinha a importância de praticar a modalidade como «forma de tirar as pessoas de casa e levá-las a ter uma actividade desportiva».