Oposição ao governo de direita belga

Protestparade

Cerca de sete mil pessoas participaram, no domingo, 19, no «protestparade» promovido pelo Partido do Trabalho da Bélgica para denunciar o programa do governo belga.

Belgas unem forças contra políticas anti-sociais

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Encabeçado por Charles Michel, o novo governo belga resulta de uma coligação de direita, em que participam os partidos liberais francófono (MR) e flamengo (VLD), os nacionalistas de extrema-direita flamengos (N-VA) e os democratas-cristãos da Flandres.

O seu programa anti-social suscitou o repúdio generalizado das três centrais sindicais, que anunciaram um calendário de acções e greves, que culmina com uma paralisação geral em 15 de Dezembro.

Sem tempo a perder, o Partido do Trabalho da Bélgica (PTB) convocou uma manifestação em Bruxelas, que designou por «protestparade», a que se juntaram várias organizações e pessoas vindas de todas as partes do país.

A mensagem do PTB foi clara: não aceitaremos um projecto anti-social que «mais uma vez faz recair o ónus da crise sobre os jovens, as famílias, os trabalhadores e todos aqueles que vivem com dificuldades».

No final da marcha, os dirigentes do PTB lembraram que nenhum partido tinha inscrito no respectivo programa eleitoral o aumento da idade da reforma para os 67 e mais anos ou cortes orçamentais na ordem dos oito mil milhões de euros.

«Continuaremos a trabalhar para um amplo movimento de resistência social que faça recuar este governo das multinacionais e dos multimilionários», afirmou Peter Mertens, secretário-geral do PTB.

Sindicatos fazem frente comum

Logo após a apresentação do programa de governo, as três principais centrais sindicais fizeram duras críticas às políticas anunciadas e responderam com um plano de acção nacional de luta.

Representando 3,3 milhões dos 4,5 milhões de trabalhadores do país, os sindicatos propõem-se organizar a resistência e derrotar as principais intenções do governo belga mais à direita das últimas décadas.

Em primeiro lugar está o objectivo de congelar os salários, suspendendo a regra até agora vigente de indexação das actualizações anuais à taxa de inflação.

Segundo os cálculos dos sindicatos só esta medida permitirá ao patronato encaixar 3,1 mil milhões de euros. O congelamento salarial é também imposto no sector público, agravado com a supressão de subsídios sociais.

Os cortes atingem os transportes públicos, designadamente os caminhos-de-ferro, os serviços públicos, em particular a Saúde, e a Segurança Social. O IVA subirá, bem como os impostos sobre o trabalho e as famílias, enquanto desce a tributação sobre as grandes fortunas e a taxa social única das empresas, agravando o défice da Segurança Social.

A resposta da frente sindical promete um fim de ano quente. Para 6 de Novembro está marcada uma manifestação nacional. Seguem-se no dia 24 greves nas regiões de Liège, Luxemburgo, Limbourg e Antuérpia; no dia 1 de Dezembro, nas regiões de Namur, Hainaut, Flandres Ocidental e Flandres Oriental; e dia 8 de Dezembro nas regiões de Brabante Flamengo, Brabante Valão e Bruxelas. Finalmente a 15 de Dezembro terá lugar uma greve geral.




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