Guerra na Ucrânia

Sucessão de crimes

A junta fascista ucraniana está a usar bombas de fragmentação nos bombardeamentos contra Donetsk, onde os combates prosseguem apesar do cessar-fogo assinado a 5 de Setembro.

A HRW baseia a denúncia em provas sólidas

A denúncia parte da Human Rights Watch (HRW) e foi já considerada «desprovida de fundamento» pelo governo golpista, que no próximo domingo organiza «eleições» legislativas antecipadas. O relatório elaborado pela organização não-governamental parece, no entanto, bastante sólido, pois foi elaborado com base em testemunhos de vítimas e provas físicas do uso daquele tipo de armamento, proibido em 114 países mas não na Ucrânia, Rússia e EUA, países que, em 2008, não subscreveram o acordo para a sua proibição.
Segundo informações publicadas segunda-feira, 20, pelo New York Times, que cita o referido relatório, o exército ucraniano usou «em larga escala, bombas de fragmentação nos combates (...) em mais de uma dezena de locais, nas cidades como no campo». A HRW sustenta, também, que «as provas apontam para a responsabilidade das forças governamentais ucranianas» e fala em «diversos ataques em Donetsk», garantindo mesmo que o funcionário da Cruz Vermelha vitimado no passado dia 2 de Outubro morreu depois de ter sido atingido por estilhaços de uma destas munições.
Recorde-se que, recentemente, a Amnistia Internacional – organização que tal como a HRW é insuspeita de simpatias para com Moscovo ou para com grupos titulados de pró-russos –, responsabilizou a junta fascista ucraniana por execuções sumárias, torturas e outros crimes perpetrados durante o conflito.
De Donetsk, cidade onde antes da guerra vivia cerca de um milhão de habitantes, chegam informações do prosseguimento do assédio das forças fiéis ao executivo pró-imperialista ucraniano. Para além dos permanentes confrontos em torno do aeroporto internacional da cidade, observando-se avanços e recuos de parte a parte configurando uma situação de impasse difícil de ultrapassar, os bombardeamentos contínuos das forças de Kiev continuam a não poupar nada nem ninguém. Zonas densamente povoadas, hospitais e complexos industriais são alvo de ataques, havendo indicações de que os bombardeamentos dos últimos dias poderão ser mesmo os mais intensos desde o início da guerra no território.
Segunda-feira, 20, um míssil balístico semelhante ao usado nos bombardeamentos contra Lugansk, em Agosto passado,voltou a atingir o centro de Donetsk, noticiou a Ria Novosti. Apesar de num dos edifícios atingidos se encontrar o primeiro-ministro da República Popular de Donetsk, Andréi Purguín, o objectivo da artilharia pesada parecia ser um armazém de TNT, localizado numa fábrica química próxima.
O exército ucraniano tentou destruir este mesmo depósito no sábado, 18, disparando, igualmente, um míssil balístico. Várias fontes indicam, para mais, que as tropas fieis à junta fascista ucraniana continuam a concentrar-se em torno de zonas industriais do país, incluindo com forças mecanizadas, deixando a nu a fragilidade da cessar-fogo assinado a 5 de Setembro e fazendo temer o relançamento de uma ofensiva em grande escala, a qual, prevê-se, não se concretizará sem um elevado número de vítimas civis.

Sem acordo no gás

Entretanto, Rússia e Ucrânia não chegaram ainda a acordo sobre a crise do gás. Moscovo aceitou baixar o preço do combustível para 385 dólares por metro cúbico entregue até Março de 2015 (menos 100 dólares do que a tabela em vigor), mas tal pressupõe que Kiev apresente garantias sólidas de pagamento da dívida vencida.
«A Ucrânia ainda não confirmou as suas necessidades. Só sabemos que a Comissão Europeia também não confirmou as fontes de financiamento», explicou o ministro da Energia russo, Aleksandr Novak, no final de uma reunião trilateral sobre a matéria, na qual ficou estabelecido que as partes voltam a encontrar-se no final deste mês.
A 26 de Setembro, Moscovo e Kiev acordaram o pagamento por parte de Kiev, até ao fim deste ano, de mais de três mil milhões de dólares devidos por fornecimentos de gás anteriores, isto na sequência da sentença do Tribunal Arbitral de Estocolmo
A UE confirmou, anteontem, que a Ucrânia pediu um empréstimo de dois mil milhões de euros para pagar o montante no prazo apontado, mas Bruxelas refere que terá de proceder a consultas com o FMI antes de tomar uma decisão.



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