Trabalho a pagar

Uma particular atenção da bancada do PCP mereceu o aumento brutal da carga fiscal em 2013 sobre os rendimentos dos trabalhadores, por via da redução dos escalões de IRS, aumento da taxa de imposto em cada um desses escalões, limitação das deduções à colecta e introdução de sobretaxa extraordinária. Paulo Sá lembrou que dessas resultou um aumento da receita de IRS de 3200 milhões de euros, aumento esse que não foi resultado do crescimento económico ou do combate à fraude e evasão fiscal, como Passos Coelho sugeriu, mas sim do esbulho aos rendimentos dos trabalhadores e do povo.

Recordado foi ainda que o mesmo aconteceu em 2014, com o esbulho a manter-se sobre os rendimentos dos trabalhadores, do qual resultou uma receita em IRS de 3800 milhões de euros acima de 2012, mais 42 por cento.

Para 2015, acusou, o Governo pretende continuar a impor esta insuportável carga fiscal sobre os rendimentos dos trabalhadores e do povo, prevendo uma receita de cerca de 4006 milhões de euros superior à de 2012, ou seja, mais 45 por cento.

Esta opção de «espremer os trabalhadores» contrasta, pelo segundo ano consecutivo, com o tratamento dado à taxa de imposto sobre os lucros das empresas, o IRC. Depois de em 2014 ter descido a taxa de 25 para 23 por cento, quer agora reduzir de 23 para 21 por cento, verberou o deputado comunista, que condenou ainda o facto de o peso do IRC na receita fiscal estar a reduzir (em 2000 representava no conjunto dos impostos directos 37 por cento, percentagem que baixou para 27 por cento em 2013), enquanto, no reverso da medalha, o IRS passou de 56 por cento dos impostos directos em 2000 para 67 por cento em 2013, ou seja mais 12 pontos percentuais.

 



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