Ferroviários vão à AR

Na proposta de Orçamento do Estado para 2015 o Governo mantém, afinal, a norma que desde 2013 veio roubar o direito secular ao transporte de trabalhadores no activo e reformados.

Hoje a concentração está marcada para as 14 horas, no Camões

Desta forma, «caem por terra as expectativas que tentaram criar em torno deste assunto, deixando a ideia que de forma progressiva este direito seria reposto», protestou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, que tomou a iniciativa de convocar para esta tarde uma jornada de luta, em Lisboa, com concentração na Praça Luís de Camões, às 14 horas, e desfile até junto da Assembleia da República, para entregar aos deputados uma carta com a reclamação de revogação do artigo 142.º da proposta de OE.
O apelo à participação das outras estruturas representativas dos trabalhadores teve resposta positiva, até anteontem, das comissões de trabalhadores da CP, da Refer, da CP Carga e da EMEF, bem como dos sindicatos SNAQ, Sinafe, Sinfa, Sinfb, Sindefer, Siofa, Sensiq.

Lembrando que «as medidas de ataque aos trabalhadores da CP têm conduzido a uma degradação das condições de vida e trabalho, que serão agravadas com as que constam na proposta de OE para o ano de 2015», o sindicato da Fectrans/CGTP-IN propôs esta terça-feira, em carta a todas as organizações representativas do pessoal da CP, a realização de um dia de luta, a 25 de Novembro, quando no Parlamento ocorrer a votação final global do Orçamento.
«O ataque do governo não escolhe trabalhadores em função da sua filiação sindical, ou opção política, ela abrange todos e, por isso, entendemos que deve haver uma resposta organizada de todos os ferroviários e suas organizações», salienta o SNTSF, num comunicado de dia 4.
Como objectivos dessa jornada, propõe cinco pontos:

fim dos cortes dos salários;
abertura da negociação do Acordo de Empresa e de melhoria dos salários;
reposição do direito ao transporte;
reposição integral do Acordo de Empresa e do Regulamento de Carreiras;
a defesa do caminho-de-ferro público e prestador de um serviço social.

Devido aos problemas surgidos com a entrada em vigor de uma nova escala e para debater também a resposta às sistemáticas alterações às escalas programadas, o SNTSF vai realizar no dia 10, segunda-feira, uma reunião aberta a todos os trabalhadores da Tracção da CP Lisboa. O sindicato, num comunicado de 31 de Outubro, afirma que as escalas «são organizadas de forma desumana», responsabilizando a gestão e o Governo, que insiste em não admitir pessoal.

Juntos
conseguimos

«Quando lutámos juntos conseguimos », sublinha o SNTSF, recordando que «reduziram o valor do pagamento do trabalho extraordinário, com o argumento da lei ser imperativa», mas «lutámos juntos e conseguimos que o valor aumentasse».
O sindicato confia que «juntos teremos força para que sejam repostas as normas do AE e do RC, que estão suspensas e os trabalhadores vejam repostas a normalidade das relações de trabalho» e «teremos força para valorizar os salários e remunerações, que hoje valem menos do que no ano de 2009», quando houve a última actualização salarial.
 

 

Em greve dia 13

Num plenário realizado a 29 de Outubro, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa decidiram marcar nova greve de 24 horas, para dia 13 de Novembro. Naquela quarta-feira, foram publicados os diplomas para a gestão conjunta da Carris, do Metro, da Transtejo e da Soflusa (DL 160) e da Refer e da Estradas de Portugal (DL 161/2014).
Ao anunciar a decisão de greve no Metro, a Fectrans considerou que o decreto-lei «é demonstrativo de que o Governo tudo fará para, enquanto se mantiver em funções, concretizar o seu plano de destruição de um serviço público de qualidade e da sua transformação num instrumento dos negócios dos grupos económicos e financeiros».

Também por 24 horas e com início na madrugada de dia 13, foi marcada greve na Scotturb, como forma de luta pelo avanço nas negociações de aumentos salariais. Nas reivindicações, como referiu a Fectrans, constam ainda o pagamento do «agente único» no mínimo de oito horas, o pagamento da formação anual do CAM (Certificado de Aptidão de Motorista) e o cumprimento integral do Acordo de Empresa, aplicando-o a todos os trabalhadores.

Num plenário realizado dia 30 de Outubro, os trabalhadores da STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) mandataram as suas organizações representativas para a convocação de greves, caso não sejam dadas respostas às suas preocupações e reivindicações, particularmente para pôr termo à instabilidade que se vive na empresa. Na moção aprovada destaca-se o processo de concessão da operação a privados e a falta de motoristas.

 



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