- Nº 2138 (2014/11/20)
Com crise do sistema capitalista em pano de fundo

G20 promete mais crescimento

Internacional

A reunião do G20 terminou no domingo, 16, na Austrália, com o anúncio de que poderá haver um crescimento adicional de 2,1 por cento dos PIB, até 2018, dos integrantes do grupo. Um objectivo em que poucos acreditam.

Ao apresentar a declaração final da cimeira, o primeiro-ministro australiano Tony Abbott afirmou que o mundo será um lugar melhor com um crescimento económico superior ao inicialmente previsto, que era de dois por cento, mas as medidas anunciadas não parecem susceptíveis de poder contrariar a desaceleração e enfraquecimento da economia global, particularmente na Europa.

A persistência de elevados índices de desemprego, bem como o aumento da população a viver no limiar da pobreza e da que já se encontra mesmo na miséria, caracterizam a situação de um número crescente de países europeus, casos da Grécia, Portugal, Espanha, Itália, entre outros. Esta realidade mostra não apenas a falência das políticas aplicadas pela União Europeia (sempre com o aplauso do Fundo Monetário Internacional), mas também a necessidade de medidas que não se podem ficar, como agora anunciado, pelo investimento em infra-estruturas, a partir da criação de um centro para a sua promoção situado em Sydney, ou uma maior regulação dos mercados financeiros.

«Combater as deficiências de investimento e infra-estrutura é crucial para elevar o crescimento, a criação de empregos e a produtividade (…). As nossas estratégias de crescimento contêm grandes iniciativas de investimento, incluindo fortalecer o investimento público e melhorar o nosso clima de investimento interno e o financiamento, o que é essencial para atrair novos recursos do sector privado», refere a declaração.

A receita de sempre

Segundo o documento, o G20 (composto pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia) propõe-se criar um sistema financeiro mais forte e resistente, mas de que forma se pretende alterar a arquitectura financeira mundial nada se diz. O documento também não fala do cepticismo generalizado quanto às reais possibilidades de a União Europeia conseguir chegar em 2017 aos níveis de crescimento económico existentes antes da crise do sistema capitalista registada em 2008, mas se se fizer um paralelo com o exemplo norte-americano não há motivos para grandes euforias. O que se observa nos EUA é de facto uma recuperação da especulação financeira e não da economia real, produtiva, criadora de emprego.

De acordo com os especialistas, se alguma possibilidade existe de atingir os objectivos anunciados, tal assenta no facto de o G20 integrar os chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), actualmente as economias mais pometedoras.

A declaração refere ainda o «compromisso» de fazer baixar a diferença de género no mercado de trabalho, apontando como meta ter a trabalhar mais 100 milhões de mulheres até 2025. Do mesmo modo, o G20 diz estar «fortemente» comprometido em reduzir o desemprego entre os jovens, que assume ser «inaceitavelmente alto».

O texto, que defende igualmente a necessidade da estabilidade do sistema financeiro e de acções para um sistema internacional de taxas «justo», refere ainda que os países do grupo tentarão aumentar a eficiência energética de forma a atender à necessidade de crescimento sustentável e de desenvolvimento. Finalmente, a declaração manifesta apoio a medidas para fazer face às mudanças climáticas que estejam de acordo com a última conferência da Organização das Nações Unidas sobre a matéria.