Liberdade de escolha condicionada

Eleições na Grécia

As eleições legislativas de domingo, 25, na Grécia, ficam marcadas por enormes e inaceitáveis pressões e chantagens da União Europeia sobre o povo grego, tentando condicionar as suas escolhas.

Política e imposições da UE levaram ao empobrecimento generalizado

As eleições na Grécia realizam-se num contexto de uma profunda crise económica e social neste país, após seis anos consecutivos de recessão, como consequência da política realizada pelos governos do PASOK e da Nova Democracia e dos «memorandos» que estes assinaram com a troika, a União Europeia e o FMI.

Política e imposições da UE que levaram a um empobrecimento generalizado da população, a um nível de desemprego que atingiu cerca de 28 por cento (Outubro – 2014), a uma dívida que atinge 175 por cento do PIB (e que era de cerca 125 por cento do PIB no início da intervenção da troika) e a uma perda de mais de 25 por cento do seu PIB entre 2009 e 2014.

Uma política que colocou em causa as condições mínimas de sobrevivência de grande parte da população grega e os seus direitos essenciais, como à alimentação, saúde, habitação, energia, aos transportes públicos, impondo uma dramática regressão social ao serviço dos interesses do capital financeiro grego e estrangeiro.

As eleições na Grécia realizam-se igualmente num contexto em que a situação na União Europeia é marcada pelo crescimento anémico da Zona Euro e, mesmo, pela perspectiva de recessão, inclusive em França e Itália. Uma situação que a baixa do preço do petróleo não altera e em que o crescente confronto dos EUA/NATO/UE contra a Federação Russa está a ter consequências na UE, incluindo na Grécia. Nesta quadro o BCE anuncia a adopção de «medidas extraordinárias» como a injecção de quantidades significantes de dinheiro, em particular para a compra de grandes quantidades de títulos bancários («quantitative easing»), para tentar combater o cenário de deflação.

Inaceitáveis ingerências

As eleições na Grécia ficam marcadas por enormes e inaceitáveis pressões e chantagens da União Europeia e, em particular, da Alemanha, sobre o povo grego, tentando condicionar as suas escolhas e impedir a expressão eleitoral da imensa aspiração e vontade de mudança de política, numa situação em que se verifica o descrédito das forças que governam a Grécia há décadas e que aplicaram as medidas da troika e as exigências da União Europeia. Pressões e ingerências que confirmam a UE como um instrumento do directório de grandes potências e do grande capital para promover a opressão nacional.

A situação na Grécia coloca em evidência os reais objectivos e as dramáticas consequências das políticas da União Europeia, comprovando que se coloca a necessidade de uma profunda inversão, de uma ruptura com o caminho até agora percorrido. O povo grego deve decidir o seu presente e futuro, livre de quaisquer ingerências e chantagens.

PCP envia mensagem ao PCG

A propósito das eleições legislativas gregas, o Secretariado do Comité Central do PCP enviou ao Partido Comunista da Grécia (PCG) uma mensagem onde, como expressão das tradicionais relações de amizade e de solidariedade internacionalista entre os dois partidos, transmite ao PCG, e a todos os seus militantes e amigos, os melhores votos de sucesso na próxima batalha eleitoral.

Na mensagem é expressa a «convicção de que o reforço do PCG, nomeadamente no plano eleitoral, é do interesse dos trabalhadores e do povo grego e do sucesso da sua corajosa luta, em que os comunistas gregos têm tido papel determinante, contra as políticas que, ao serviço do grande capital e do imperialismo, têm imposto ao povo grego um terrível retrocesso social e grandes sofrimentos».

O PCP expressa ainda a sua «firme condenação das pressões e ingerências externas, a começar pela União Europeia, que visam condicionar a expressão eleitoral do profundo descontentamento e vontade de mudança do povo grego. Ingerências que visam assegurar a continuação do essencial das políticas do governo de coligação direita/social-democracia, contornar a crise em que se debate a União Europeia dos monopólios e das grandes potências, e prosseguir e mesmo reforçar o rumo neoliberal, federalista e militarista do processo de integração capitalista europeu».

Por fim, o PCP, independentemente de diferenças de situação e de opinião entre os dois partidos, reafirma nesta ocasião a solidariedade dos comunistas portugueses.




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