Civis sob fogo no Iémene

A Amnistia Internacional defende uma investigação independente e urgente à agressão da coligação liderada pela Arábia Saudita ao Iémene. Num relatório intitulado «Bombas caem do céu dia e noite – Civis debaixo de fogo no Iémene do Norte», divulgado dia 7, onde se analisa 13 ataques aéreos, a AI acusa os sauditas de terem morto mais de uma centena de civis, mais de metade dos quais crianças, e de terem usado bombas de fragmentação, proibidas pelos tratados internacionais sobre a matéria.

A organização considera mesmo que alguns dos bombardeamentos configuram mesmo crimes de guerra, e sublinha que «os EUA e outros estados exportadores de armas e outro material de guerra para qualquer das partes em conflito têm a responsabilidade de assegurar que as transferências de armas que autorizam não estão a facilitar graves violações do direito internacional humanitário».

Os casos mais graves reportados pela AI referem-se aos bombardeamentos efectuados nas cidades de Sa'a e Marran, tituladas pelos sauditas como alvos militares (o que viola o Direito Internacional), e cujas infra-estruturas e serviços públicos se encontram em colapso total.

A organização repudia, igualmente, os ataques a veículos que transportavam civis em fuga, alimentos e ajuda humanitária.

Já na quinta-feira, 8, o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários da ONU e responsável pela ajuda humanitária, Stephen O'Brien, apelou à investigação de um bombardeamento a uma festa de casamento na cidade de Sanban, a 100 quilómetros da capital iemenita, Sana'a.

O'Brien veiculou os dados apurados pelo ministro da Saúde Pública do país, segundo o qual pelo menos 47 pessoas morreram e 35 ficaram feridas, incluindo dezenas de mulheres e crianças.

Investigação impedida

Recorde-se que, na primeira semana de Outubro, a Arábia Saudita e os respectivos aliados árabes do Conselho de Cooperação do Golfo na agressão contra o Iémene bloquearam a constituição de uma comissão de investigação às atrocidades cometidas no país africano.

Os países da coligação árabe conseguiram impedir o apuramento com o apoio dos EUA e da Grã-Bretanha, apesar da solicitação ter partido do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein.

Os dados mais recentes da ONU indicam que cerca de dois terços das quase 2500 vítimas civis da guerra no Iémene, entre as quais pelo menos 500 crianças, foram mortas nos bombardeamentos sauditas, ininterruptos desde Março deste ano.




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