- Nº 2190 (2015/11/19)

Tarefas prioritárias

Opinião

Consumada a ida para a rua do Governo PSD/CDS-PP, um legítimo e perceptível sentimento de alívio percorreu os trabalhadores e o povo. Os massacrados por uma política de espoliação de direitos, em cujo horizonte estava o seu aprofundamento, obtiveram uma importante vitória.

Tais sentimentos não podem, contudo, conduzir ao atentismo face ao novo quadro. A situação do País, os problemas económicos e sociais, os efeitos da política de agravamento da exploração e de empobrecimento, a ofensiva do grande patronato, as reivindicações para uma vida melhor, exigem o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo.

Passadas as eleições legislativas, a verdadeira realidade do País começou a confrontar-se com as mentiras e as mistificações vendidas. Ao mesmo tempo – estilhaçada que foi a grelha pré-fabricada pelas posições assumidas pelo nosso Partido –, ganhou particular violência a campanha anticomunista com várias origens, graus e matizes, impondo acrescidas exigências de esclarecimento: sobre a realidade do País e sobre o novo quadro aberto pela ida para a rua do Governo, com a consciência das exigências que ele comporta.

Neste contexto, e no quadro das decisões do Comité Central, é da maior importância o desenvolvimento da luta dos trabalhadores em torno de reivindicações concretas. Luta que se articula com o trabalho para o fortalecimento das organizações unitárias dos trabalhadores, com destaque para o movimento sindical unitário, e das organizações e movimentos unitários de massas das classes, camadas e sectores sociais antimonopolistas.

O desenvolvimento da luta das várias camadas e sectores sociais pelos seus direitos é uma necessidade que se impõe para o alargamento da frente social de luta que abra o caminho da concretização de uma efectiva política patriótica e de esquerda, uma política que o PCP reafirma como absolutamente indispensável para romper com o poder do capital monopolista e com as limitações e constrangimentos decorrentes da integração capitalista da União Europeia e dos seus instrumentos de dominação.

Um PCP mais forte

No plano do reforço orgânico do Partido, está colocado um conjunto de linhas de trabalho essencial para, a partir de discussões concretas a realizar nas organizações, definir objectivos, entre os quais se destaca:

Dinamizar a candidatura de Edgar Silva

No quadro do desenvolvimento do trabalho do Partido, ganha crescente centralidade a campanha para Presidência da República em torno da candidatura de Edgar Silva. Uma candidatura nacional, dirigida a todos os democratas e patriotas, que traduz as preocupações e anseios dos trabalhadores e do povo português. Uma candidatura que desde a sua apresentação vem granjeando crescentes apoios e simpatias.

A poucos meses do 40.º aniversário da Constituição da República e num quadro em que o exercício dos direitos emerge cada vez mais como questão essencial, esta candidatura afirma um compromisso empenhado com o projecto de Abril, inscrito na Constituição da República Portuguesa. Como afirma Edgar Silva na declaração de candidatura, «a injustiça não é invencível». Pelo meio de muitas complexidades a vida prova-o e o camarada Edgar Silva tem razão: «o vermelho quente do futuro virá.»


Rui Fernandes