Portas no OVNI
Paulo Portas, que agora é comentador da TVI para a situação internacional, azucrinou-nos este fim-de-semana com um exagero de comentários, sobre o «Brexit» e as eleições em Espanha.
Claro que Portas está a fazer pela vida – este «job» complementa o de caixeiro-mor da Mota-Engil para a América Latina e o «apoio desinteressado» como vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria –, e comprova o seu «afastamento da política activa», já que não comenta a situação nacional (!), mas apenas a internacional. Aliás, Portas, que foi ao mesmo tempo ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro com a tutela da área económica e da contra-informação do governo PSD/CDS, é a prova de que uma coisa não tem a ver com a outra (!). E se ele o diz é porque é irrevogável, que o homem não está «nem aí» para fazer o mesmo percurso de Marcelo para uma candidatura a Belém, nem a TVI (que continua a pagar melhor do que a SIC) visa «fazer mais um Presidente».
Portas, sobre a situação na UE pós referendo do Reino Unido, o que diz é que não devia ter acontecido, porque os britânicos «são os mais eurocépticos» e a situação da UE está na «pior altura», demarca-se e critica a resposta da Alemanha e do «directório» (sic) ao «Brexit» e conclui que a UE entrou num OVNI (Objecto Voador Não Identificado) desconhecido e no «princípio do fim» (!).
Fica claro no comentário o objectivo de branquear os sete anos que esteve nos governos PSD/CDS, com responsabilidades centrais na política interna e externa do País e na UE, e também que anda à procura de afinar com os grandes interesses a sua função de «reserva estratégica» para batalhas futuras, além de, é inevitável, prosseguir a mediatização da sua auto-estima – «espelho meu, espelho meu», haverá no País alguém mais inteligente e mais belo do que eu?!
Mas o facto é que a grande importância da vitória do Brexit, uma vitória dos povos do Reino Unido e da Europa sobre «o medo, as inevitabilidades, a submissão e o catastrofismo», deixou o grande capital e os "puxa saco" em sérias dificuldades, perdidos num OVNI.
Acentuam-se as contradições e a crise da e na UE e os elementos da sua desagregação. Estamos num novo patamar de luta contra a União Europeia do grande capital e das grandes potências, por uma Europa dos trabalhadores e dos povos.